29 de janeiro de 2014

Sem título para isso...

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Diante de uma folha em branco fico sem saber o que escrever...
De repente me perdi de mim. Mentira, não foi de repente que meu Eu foi se esquecendo de me alimentar dos melhores sonhos motivacionais.
Tudo se tornou tão duro, palpável. As certezas de se viver em felicidade esvaeceram pelas minhas mãos calejadas de lágrimas.
Como sobreviver ao fim de um amor capitalista?
Digo capitalista pelo fato inédito em minha vida de sentir os dissabores do ciúme e da possessão. Tão mais fácil sobreviver àquilo que é anárquico. As dores não esfaqueiam nossa rotina e os sentidos não somem com o ser amado.
Me fixo em frente ao espelho e não sei quem sou. Não é uma metáfora. Realmente não sei ... Cabelos, olhos, corpo... tudo mudou tanto sem minha permissão, como se alguém tivesse se vestido de mim e me transformado em algo que odeio.
Veja se me entende. Não quero acabar com Nós. Não, não quero! Ainda sinto amor por você (ou um apego demasiado forte que me faz achar que não posso viver sem você por perto)... mas...  mas as coisas andam tão mal. De repente vejo que não posso ter absolutamente mais nada do que quero ao seu lado.
Em um dos primeiros textos que escrevi pensando em Nós eu disse que com você aprendi o que dizer no café da manhã. E isso foi tão lindo. Mas entre Nós não existe nem mais um mísero “bom dia”.
Perdão, posso estar sendo fútil, mas não consigo estar bem com alguém que me atende o telefone com um frio e seco “Diz”.
Não. Não posso amar em meio a tanta individualidade. Não sou louca. Me desfazer por você não é amor. Descobri isso há poucos dias, mas como eu disse, não sei mais quem sou, mas sei que amar, para mim, nunca foi empurrar a vida com a barriga pra ver até onde vai dar.
Se ao menos as coisas estivessem cômodas, mas não. Não estão. Absolutamente Nada está bem entre nós e isso me faz chorar e meu choro já é algo irrelevante para você e isso me faz chorar mais e escondido.
Sabe um dos piores sentimentos que descobri que posso sentir? A falta de sentido das coisas. É horrível você olhar ao redor e nada significar, a não ser você. Não ter vontade de sair de casa se não for com você. Não ter para quem ligar se não for para você. Há uma obsessão me destruindo por completo.
Antigamente, apesar das dores, tudo era tão lindo. Havia poesias e risos, danças e amigos. Havia vida em seu sentido mais pleno.
Hoje sinto como se tudo o que eu tivesse de bom fosse transplantado para seu sangue e não restasse mais nada em mim. Não consigo mais sentir as coisas boas que me chegam, compreende? Sinto apenas uma falta. Como se houvesse um vazio em mim que me desidrata e desanima.
Ouço Kings Of Convenience e novamente choro sozinha entre minhas paredes vermelhas de fotos e discos de vinil. Eu tava tão feliz quando conheci essa banda. Eu tava tão bem comigo, com a mulher que aos trancos e barrancos eu tinha conseguido chegar a ser. Sinto saudades de mim, mas não sei como me reconquistar.
Bobagens. De que adianta tanta lamentação se nada disso vai passar por seus olhos. Minhas aflições sempre são tão invisíveis para você. Só queria que você soubesse que nos queria de volta. Queria o Nós que brincavam na cama de mordidas e faziam sexo até não mais aguentar. Queria aquele Nós que desceu de rapel uma pequena pedra em Serra Negra... Queria aquele você que beijava meu suvaco, aquele você que me ligava com um “bom dia, minha linda”, queria aquele você que me chamava de meu bosque. Mas hoje isso tudo está tão distante de Nós.
O que Nós somos então? Duas pessoas infelizes que não se suportam. Eu não sei o que fazer. Não sei como consertar as coisas e no fundo, não aguento mais tentar. Não suporto mais a dor de não conseguir.

Será que você não entende que eu só queria que a gente fosse feliz?

Manifesto pela ocupação amorosa dos corações vazios

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E de agora em diante, fica estabelecido que todos os corações vazios, mal amados, partidos, abandonados ou tão somente subutilizados serão pacífica e amorosamente invadidos e ocupados pelo amor em todas as suas formas.
Sem paus e pedras e enxadas, mas com flores e música e presentes e simples declarações de apreço e cuidado, o amor tomará posse irrevogável de todo e qualquer coração devoluto. Banqueiros e bancários, construtores e operários, empresários, professores, artistas de rua, profissionais de toda sorte, adultos e crianças e velhinhos, todas as almas solitárias deste mundo! Preparem-se para ceder sem luta à chegada implacável do amor às terras férteis de seus corações.
Abram seus portões, escancarem as portas, liberem as janelas, prendam os cachorros e preparem a casa à visita permanente do amor operário, trabalhador, corajoso e simples. Ele vai chegar sem slogans ou passeatas, sem discursos, gritos de guerra ou enfrentamentos com a polícia. Vai surgir na hora mais silenciosa da noite, deitar ao seu lado e acordar com você na hora de ir ao trabalho, como se ali estivesse desde sempre.

O amor vai chegar assim, de manso, mas com o passo forte e a potência de um jato varrendo a craca dos rancores, a sujeira grossa dos maus pensamentos, a gordura acumulada das chateações diárias, da burrice, da inveja, da grosseria. Virá com a força mesma da vida, desobstruindo os canais da memória entupidos de morte. Virá alegre como o cão que reencontra o dono depois da eternidade de um dia inteiro sozinho em casa, à espera.
E então as preocupações ordinárias e mesquinhas farão as malas e deixarão os corações livres para viver em absoluto estado de ocupação plena pelas intenções e ações de um amor generoso, diário e vital.
Esse amor que acorda cedo e faz ginástica, que parece tão mais jovem do que de fato é, esse amor vai pintar as paredes da casa, mudar a posição dos móveis, vai matar a sede e a fome que restam, soltar os passarinhos de suas gaiolas ridículas, vai cuidar da horta no quintal e presentear os vizinhos com as verduras frescas. Esse amor vai florescer e perdurar e se esparramar pelas redondezas. Vai levar ao passeio diário os cachorros que vivem dentro de cada um de nós. Esse amor vai invadir em paz a nossa vida tão talhada para a guerra.
E quando as forças armadas de um coração já machucado se levantarem em defesa natural de sua estrutura, em puro e simples movimento de autopreservação, o amor estenderá sua mão pequena e linda, de unhas roídas e sem nenhum esmalte, e todas as armas cairão em silêncio. Então esse coração abrirá suas fronteiras à chegada irrefreável do encantamento amoroso e total, explosão de energia que nos leva ao encontro de quem somos, nos resgata da morte e nos devolve, sãos e salvos, à vida que é hoje, amanhã e depois um longo e eterno agora.
Texto publicado em: http://www.revistabula.com/2002-manifesto-pela-ocupacao-amorosa-dos-coracoes-vazios/

18 de julho de 2013

Acabou

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18 de julho de 2009 

Sinto, que aos poucos, vou morrendo pelo seu desprezo. 
Cadê o amor que você tinha por mim? 
Onde foi parar o carinho desejoso de outro dia? 
Revejo meus álbuns e todas as nossas fotos exalam felicidades esquecidas. 
Hoje nossos sorrisos não são os mesmos; 
Hoje o seu beijo não é espontâneo; 
Hoje eu fico aqui, à espera de que tudo volte ao normal. 
Espero... espero... espero e cansa o fardo de um relacionamento desgastado. 
O seu amor desbotou e vai progressivamente apagando o meu. 
O meu amor que é tão forte e sincero, tão puro e fiel. 
O meu amor que é o maior amor de todos os amores. 
O meu amor obsessivo, perfeccionista e capitalista, que tanto tentei torná-lo anarquista, mas que tudo foi em vão. 
Agora choro em meu quarto para que não vejam meus olhos inchados e o vexame que é te amar. 
Agora guardo todas as nossas cartas em uma caixa cinza lacrado com uma fita vermelha. 
Agora reafirmo que amar é sofrer e que preciso urgentemente de esparadrapos em meu coração. 

Penso em amigas MIM e em tudo o que elas estão estou vivendo. 

Qual a graça de amar se todos os anos de alegria são devastados por insondáveis momentos de dor? 

Calma, vai passar.

Antiguidades Rodrigueanas

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Como ela consegue afastar de si o amor?
Dizer que não o quer mais quando é ele quem traz o seu sorriso?
Como aguentar a distância se o o contato é constante?

"eu não vou ser feliz com ele."

Como, se é ele quem você ama?
Se a ausência te machuca?
Se a indiferença te faz chorar não adianta um copo de cerveja, não adianta esconder o rosto, dá pra ver nos teus olhos, dá pra ver no teu sorriso choroso que os dias estão cinza, que as piadas não têm graça e que aquele grupo de amigas "solitárias" de repente tá se formando.
Porque as coisas não são como a gente quer?
Porque não dar aquela chave de perna e o trancar no quarto com aquele livro que lembra vocês?
Ou então porque não resolver amá-lo de forma anarquista e parar de buscar uma perfeição que você sabe ser inalcançável?
Porque é tão difícil um "amor recíproco feliz"?
Essa história de Amor + Dor só é bonito nos filmes, na gente só tem graça quando o passado chega e a dor é substituída por aquele beijo que só ele tem, pelo cheiro daquele perfume que só é bom de sentir na pele dele e por aquele sorriso que apenas ele tem o poder de provocar.
Cadê as lágrimas?
Estão aí?
Jogue-as fora, esconda-as, guarde-as, faça o que for melhor com elas... mas o melhor mesmo é lembrar de Ópera e daquela sobremesa, daquele coelhinho da páscoa.

Texto publicado em 19 de Maio de 2009

# Reler frases minhas que foram escritas para uma grande amiga, faz perceber que hoje, passando pelo mesmo que ela passou, vejo a possibilidade de que tudo dê certo.