23 de maio de 2012

Entrelace

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Somos feitos de instantes e nossos instantes são marcados pelo detalhe de nossas lembranças.
Estamos carregados de uma beleza só nossa e é essa beleza que quero manter entre nosso abraço.
Doeu ouvir vozes rudes em meus ouvidos.
Doeu falar farpas e arpões para te machucar.
Mas houve silêncio...
Nuvens...
- Está chovendo no meu bosque.
Nada foi mais lindo do que te ouvir falar isso para mim.
Não quero chuvas entre nós.
Acho que as tempestades que causo só me fazem perceber que os teus olhos não me querem longe.
Porque se tento me afastar tuas mãos me seguem e me pedem, delicadamente, para que eu repouse em teu colo minhas angústias infantis.
Somos feitos de instantes...
E nossos instantes são feitos pelo nosso cheiro misturado no travesseiro, pela casa em constante (des)arrumação, pela pipoca com coca-cola, por mordidas e massagens de desculpas... 
Nossos instantes são feitos pelos detalhes que carregamos um do outro
Sou teu instante quando você é o Meu Bem...
Você é o meu instante quando eu sou o Seu Bosque...
E assim nós somos nós.
Entrelaçados.

"Somos uns incorrigíveis!" *

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"Num piscar de olhos, ficamos todos 'ignorantes', ou melhor, através de mecanismos sutis de bestialização social, fomos todos transformados em escolares, incapazes  de decidir qualquer coisa sem a ajuda de um especialista. A conclusão é inevitável: A sociedade dos especialistas é contemporânea da sociedade dos infantilizados e incapazes, uma produzindo a outra, numa dialética perversa da incompetência programada, manipulando psiques desorientadas e afetos em frangalhos."

Flávio Brayner 
(Educação e republicanismo - Experimentos arendtianos para uma educação melhor. p.84)

*Obs. O Título da postagem é uma frase do autor, retirada desse mesmo livro.

14 de maio de 2012

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Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertecendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos.” Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. Confesso que agora só espero você. 

Caio F. Abreu