14 de dezembro de 2011

Apneia

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- Quando você vai ter coragem de vir?

- Ainda não sei, acho que só no instante em que eu cair de vez no buraco. Ando visitando ele com frequência, encosto meu pé no fundo, sinto a umidade insalubre em meus dedos, me assusto instantaneamente, nesse momento puxo o pé com rapidez e começo a me debater subindo desengonçadamente pela corda que ainda me sustenta. É tudo muito estranho, me causa medo aquela frieza escura. Não quero ter que chegar lá, acho que posso me manter pendurada nessa corda durante mais algum tempo.

- Mas quanto tempo ela ainda vai resistir a todo esse peso?

- Isso também não sei. Não sei dessas peculiaridades, sei que só me esforço para matê-la inteira. Sempre me agradou aquela ideia de Nietzsche de sobrevivermos na corda bamba de uma vida. Vejo isso tudo como se fosse um quadro circense, há uma platéia gigantesca que quer te ver cair, mas também há alguns poucos, pouquíssimos na verdade, que ficam de braços estendidos querendo te amparar. É tudo, de fato, muito mascarado, enquanto atravesso minha corda tenho que pular, dar piruetas, sorrir, fazer de conta que vou cair enquanto que os outros querem que eu realmente caia... Tenho que atravessar a corda superando expectativas, alcançando objetivos, e sempre, em qualquer instante estar preparada para a queda, pois ela talvez seja inevitável. Imaginar atravessar o abismo salamandreando danças e prazeres dá a fugaz sensação de triscar a perfeição do super-homem, de sorrir sarcásticamente para trás e ver a mediocridade de todos aqueles olhos famintos pelo meu sangue. Mas isso me causa receio, tenho medo de desumanizar minha liberdade com tanta destreza. Tenho medo de assim me perder.

- E se a corda se bifurcar?

- Será que há essa possibilidade? Quando olho para o além não vejo nada além de ilusões embaladas por saudades. Nesse momento tento dançar de joelhos dobrados esticando as mãos sempre para frente na esperança de esbarrar com algum amparo. Mas é em vão. Tudo não passa de um espectro translúcido que construo, de algum modo obscuro, para decorar esses horizontes enegrecidos. É tudo muito complicado ainda.

- Venha me visitar, assim que precisar.

- Mas eu já preciso. De antemão deixo em meus olhos a mensagem de que necessito urgentemente de um abraço. Por favor, repare. Meus braços já não sustentam tantas cabeças, nem mesmo a minha, que diante do espelho não suporta se olhar. Está tudo carregado de insustentáveis atitudes perfeitas que acham que existem, mas que não existem em minha pele. Não quero dar importância a isso, mas também, ando a pensar que talvez seja essa suposta perfeição que me defeitue, porque na medida em que estendo as mãos aos outros, eles me tomam por inteira e se esquecem que partes de mim doem.  Minha carne carrega feridas em aberto e não encontro nada que consiga sanar essa infecção que se alastra como pandemia em minha alma. Todo dia quando acordo vejo o mar e por isso sinto mais saudades.

- De quê?

- Da superfície. Sinto saudades daquele ar juvenil que nada levava a sério. Sinto saudades da impulsividade do meu coração, da inconsequência das minhas atitudes e sinto mais saudades ainda da sensação de que "tá tudo bem". Hoje as coisas não andam, os momentos se estagnam como se fossem eras glaciais. Quando conseguimos degelar alguma coisa o ciclo recomeça desconstruindo todas as costuras em um emaranhado de incertezas.

- Elucubrações apenas.

- Sim, apenas.    

(...)







"O homem é corda distendida entre o animal e o super-homem:
uma corda sobre um abismo;
travessia perigosa, temerário caminhar, perigoso olhar para trás,
perigoso tremer e parar."
Nietzsche - Assim falou Zaratustra

10 de dezembro de 2011

Tão sua sem ser...

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O que eu faço com essa vontade de encurtar essa distância em um piscar de olhos? De abraçar por horas, sem dizer nada e com um beijo te dizer tudo que milhares de poemas não conseguiriam dizer...

Porque mesmo longe, você é mais presente do que qualquer outro cara do mundo.
E porque eu me sinto tão clichê cada vez que falo de você, e me pego repetindo as mesmas coisas mil vezes, simplesmente porque tudo que eu queria falar eu já falei. Meu coração pede atitudes. Pede seu colo e o seu silêncio. O seu olhar que diz tanto. O seu sorriso pertinho do meu...
Sou tão sua. E você me tocou, assim mesmo, sem encostar, mais do que qualquer outro cara que já dividiu a cama comigo...
Paz e desassossego. Vontade de ir embora, vontade de te procurar... vontade.

Tão sua sem ser....


Cativar & Cultivar: Tão sua sem ser...:

9 de dezembro de 2011

(...)

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Poderíamos casar, teríamos um apartamento, tomaríamos café as cinco da tarde, discordaríamos quanto a cor das cortinas, não arrumaríamos a cama diariamente, a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário de porcarias, adiaríamos o despertador umas trinta vezes, sentaríamos na sala de pijama e pantufas, sairíamos pra jantar em dia de chuva e chegaríamos encharcados, nos beijaríamos no meio de alguma frase, você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia, saberíamos.

Caio Fernando Abreu.

Não posso negar que sofro só de pensar em não mais te ver.
faz pouco tempo, bem sei, mas a intimidade, a necessidade gritam que faz mais, 
que nada foi tão pouco assim.
Poderíamos ser felizes juntos, eu sei que sim.
O mundo nem sempre pode nos dar dias ensolarados e 
isso murchou os girassóis que plantei com nossos sorrisos.

O que você quer de mim?

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(            )

E entre tudo que ele poderia ser pra mim, ele escolheu ser saudade. 
@CaioF.Abreu



Eu quero poder te abraçar te protegendo de toda essa solidão.
Eu quero te ver rir com bobagens.
Eu quero respirar fundo encontrando paciência pra te aturar bêbado me ligando de madrugada.
Eu quero tentar te acordar na hora certa para você ir ao trabalho.
Quero preparar pipoca com cerveja às 03h da manhã pra curar ressaca.
Quero te ligar pra saber como foi seu dia e te contar um pouco do meu.
Quero te escrever palavras que te digam alguma coisa.
Queria conseguir te dizer algumas coisas...
Eu quero ser presença e não saudade.
Quero o destino que vi sair de sua boca,
Quero cuidar pra que tudo pese menos.
Quero ficar deitada ao teu lado te vendo dormir enquanto meu sono não chega.
Quero tua mão carinhosa.
Quero as possibilidades do "nós" que nunca tive.
Quero não sofrer por ter que me afastar, mas
Quero te ver feliz mesmo que distante.

¨¨Vem cá, meu bem
que é bom viver
O mundo anda tão complicado
e hoje eu quero fazer
tudo com vocꨨ
Legião Urbana

4 de dezembro de 2011

Feliz Por Nós...

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Coisa boa é te beijar e voltar pra casa com teu cheiro guardado nas mãos.
Não se sei se você sabe, mas fazia tempo que eu não sabia o que era isso,
na verdade eu nunca soube o que era isso desse modo que é agora.
Foi lindo ver teu sorriso dizendo que estava feliz.
Estou feliz também, por você e por mim.

1 de dezembro de 2011

Do Amor

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Em todas as tentativas de inventar um amor para mim, 
foi na impossibilidade da invenção que
aquela gota de amor se inventou.

29 de novembro de 2011

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"Se somos incapazes de amar, talvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reivindicações, desejando apenas a sua simples presença."

Milan Kundera 
(A Insustentável Leveza do Ser)

27 de novembro de 2011

E assim te mando um beijo

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Meu bem, 
Se agora minhas mãos te alcançassem eu te deitaria em meu colo para acalentar todos os teus lamentos.
Te faria carinhos ternos nos cabelos e te cheirava a face roubando um pouco do teu cheiro para mim.
Se agora eu pudesse te ter em meus braços te faria as vontades só para ver risos pela casa,
Só para que achássemos um pouco de perfeição nas coisas triviais, 
Nos alimentaríamos, nos banharíamos, nos olharíamos deitados na cama e assim eu velaria teu sono, para que tudo se almiscarasse de novas e doces ilusões.
E assim eu te mando um beijo, para que apazigue essa distância das mãos que só querem te acarinhar.

26 de novembro de 2011

3ª Lição

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O seu sorriso é de uma insustentável leveza, 
por isso, deixo-o se derramar por toda a lembrança da minha pele 
como se fossem carícias sem mãos.
Como se fossem suspiros guardados que soam pelo desejo de sua boca.

Durma Bem

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Sinto em tua voz a doçura do teu sorriso 
e assim posso dormir como se tivesse ganhado 
meu beijo de boa noite.

25 de novembro de 2011

Tolices

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Por quais cantos andam escondidos os sorrisos que meus olhos querem ver?

Aqueles eram olhos meigos, de um verde infantil que se esborrava pelos cílios.
Que mãos imaturas as minhas, afastaram de minha pele os carinhos que esses olhos queriam me dar.
Que mania tola, essa de não amar a disposição dos abraços.
De criticar e desvirtuar a perfeição de todas as possibilidades.
Que mania essa de não se deixar apaixonar pela doçura gratuita de certos corações.

Dança do Sim

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E aquele minuto durou toda uma vida que te esperei. Você chegou, você veio no final de tudo, com um punhado cintilante de brilho sorridente nos olhos. Veio só pra me arrancar um suspiro mais do que sincero e um delicado e sonoro sim. De todo coração, com toda suavidade e aconchego que posso encontrar nas tuas mãos, sim, eu deixo você me levar nessa dança. Um pra cá, dois pra lá? Não. Envolve minha cintura com teus braços, abraços e sejamos, por tempo indeterminado, dois pra cá...dois pra lá.

[Ao som do silêncio cúmplice da nossa respiração.]


Josi Puchalski

#Lindo é se encontrar nos outros.

18 de novembro de 2011

Plágio era o que me faltava

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Essa semana me aconteceu algo bem chato.
Descobri que meu blog tinha sido plagiado por uma conhecida do facebook (http://eternacolombina.blogspot.com/). Ela copiou meus textos, títulos, frases e até o designer do modelo com as mesmas cores e formatos de letras. Depois que eu fiz um escândalo no face dela e solicitei que ela apagasse as postagens, ela teve a decência de fazer isso. Mas nem um desculpa foi me dado.
Galera, adoro quando alguém entra aqui e comenta, 
amo quando alguém me diz que se identificou e que pede pra copiar e postar no blog dando os devidos créditos.
Mas plágio é crime e é feio.
É um atestado de falta de criatividade, de inautenticidade.
Tenho um esforço danado pra deixar tudo por aqui agradável para os olhos de vocês.
Cada palavra escrita não está solta ao vento, pelo contrário...
Cada palavra carrega um fardo de significados, de lágrimas, sorrisos, saudades e muitas lembranças.
Cada texto tem um dono, amigos, acasos, amores passados e presentes e cada pessoa a quem escrevo sabe que o texto lhe pertence.
Isso é só um desabafo, agora acho que já ta tudo bem.


11 de novembro de 2011

#Fica Dica 10

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“Se os fatos estão contra mim, pior para os fatos.”
Nelson Rodrigues

10 de novembro de 2011

O amor é sempre um pacto contra o tempo.

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Onde se ancora o que sentimos, fora ou dentro do objeto amado? 
Em seu âmago concreto ou em sua neblina? 
Mesmo fruindo o que vê o amor não é seu escravo (...) 

Como Esquecer 
Myriam Campello

7 de novembro de 2011

Me Procure Em Outro Canto

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Atenção!
Aviso aos transeuntes que os ventos sopram sem destino, pois as coisas aqui não andam muito boas.
Há algo líquido se apossando do barro usado nas novas construções.
Por mais calma e dedicação que se tenha, nada se encaixa nos moldes do desejo e de repente, todo o concreto se esmigalha em vento e tudo torna-se tão "sei lá".
Há um cansaço dessa melancolia forçada.
Os livros se misturam aos papéis velhos, perfumes sem tampas e roupas sujas nos caixotes da mudança.
O quarto se esvazia,
A sala se esvazia,
A cozinha está vazia
Só as lembranças esborram todas as águas salobras guardadas por aqui.
São tantas lembranças que não caberiam no caminhão da mudança.
São tantas lembranças que carrego no coração que não sei se consigo suportar o peso de uma saudade que, mais do que qualquer outra, terá o gosto de toda uma infância com bonecas e príncipes e castelos e casinhas...
Entre 4 paredes tenho guardados 24 anos de sonhos,
No jardim ainda tem a sombra daquele pé de feijão plantado na experiência da escola.
No jardim ainda há o perfume do jasmim e o balanço de pneu pendurado na mangueira. 
Cada palmo desse canto guarda tanto de mim que sei, que ao sair daqui, perderei esse último resquício de menina mimada de achar que tudo vai ficar bem.
Deixo em meu quarto meus fantasmas, meu suor, me cheiro depois do banho... 
Tranco a porta, branca com uma flor azul.
Deixo aqui todos os sorrisos ingênuos pendurados no portão e o novo endereço de minhas mãos.

6 de novembro de 2011

Me olhe com carinho, por favor.

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Você já brincou com a imagem de sua mão passeando pela parede branca de um quarto escuro?
Fique sem sono e tente fazê-la passear dançando pelo silêncio da insônia.
Perceba como paredes brancas têm o poder de guardar segredos que não são seus, mantendo nelas impressões e perfumes alheios que entranham em suas narinas até que você ache que aquilo também faz parte de sua pele.  
Você já brincou com a solidão dos olhares que foram feitos para te amar? Não tente.
Simplesmente não se consegue olhá-los quando neles só há rancor.
Fecho os olhos e lembro de sorrisos desbotados fazendo pose para a câmera fotográfica e por isso digo que acredito em felicidade, porque encontro, nessas fotos velhas, resquícios de um sentimento que se assemelhe ao que acho que deve ser a "felicidade".
Não repare, são elucubrações... Deitemo-nos na cama, vou fechar meus olhos e guardar os suspiros aqui dentro, para que assim adocem esse amargo da boca e o beijo, que daqui a segundos será teu, chegue em seus lábios com maior ternura.

3 de novembro de 2011

Éden, para Ele.

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Que diabos se fez?
Com carinho, busco no fundo de mim
Qualquer lembrança sadia, qualquer
Outro possível já inexistente sentir.
És apenas algo de fatal, perpétuo e
irremediável.
Tanto tempo se fez e nos desfez
Em pranto, completo, meu afeto morreu.
Já não quero mais voltar em ti, a ti,
contigo, avec toi. E, assim, sem abrigo
Das mil noites, os dias só foram,
à revelia, triste romaria do meu olhar.
Minhas cores já não são as tuas,
Meus gestos não encontram os teus.
Só existe a tua sombra, teu brilho oculto.
O tempo te matou e me venceu,
É só teu cadáver estendido por aí,
Não mais tua ausência abstrata.
É teu corpo morto exposto,
O meu amor vencido, inerte.
Ainda és alguma coisa, és o nada,
E de passado e ar somente és feito,
Dos sonhos e das horas perdidas
Já desconheço a tua face, tua voz
Ruído distante que habita o silêncio.
És tudo o que não pode ser, e acabas sendo
o que não quero... E enterro.
Desenhei o amor à tua imagem desfigurada,
para jamais, em conflito, encontrá-lo.
Tentei me manter fiel, mas a vida
Traçou a tua morte, destilando bálsamo,
Escrevendo outra sorte...
Somos agora apenas dois estranhos,
Astros em órbitas distantes,
Átomos flutuantes, dois polos de um ímã,

Seguimos opostos, desconexos,
Completando aniversários vários
Em anos que não se completam...
Gostaria de sentir muito, mas tu não existe
Tu não és qualquer coisa como a luz ou o dia
Além do adeus não dito, teu único resto,
Resto de nós, último nós;És o nada!
Tudo o que posso carregar de ti,
O adeus não dito. A fatalidade.
O irreversível. A palavra nunca.

31 de outubro de 2011

A falta que ama

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Entre areia, sol e grama
o que se esquiva se dá,
enquanto a falta que ama
procura alguém que não há.

Está coberto de terra,
forrado de esquecimento.
Onde a vista mais se aferra,
a dália é toda cimento.

A transparência da hora
corrói ângulos obscuros:
cantiga que não implora
nem ri, patinando muros.

Já nem se escuta a poeira
que o gesto espalha no chão.
A vida conta-se, inteira,
em letras de conclusão.

Por que é que revoa à toa
o pensamento, na luz?
E por que nunca se escoa
o tempo, chaga sem pus?

O inseto petrificado
na concha ardente do dia
une o tédio do passado
a uma futura energia.

No solo vira semente?
Vai tudo recomeçar?
É a falta ou ele que sente
o sonho do verbo amar?





Carlos Drummond de Andrade

29 de outubro de 2011

O Livro do Desassossego

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“A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.
Isto não vem a propósito de nada.
Tenho sonhado muito. Estou cansado de ter sonhado, porém não cansado de sonhar. De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos. Em sonhos consegui tudo. Também tenho despertado, mas que importa? Quantos Césares fui! E os gloriosos, que mesquinhos! César, salvo da morte pela generosidade de um pirata, manda crucificar esse pirata logo que, procurando-o bem, o consegue prender. Napoleão, fazendo seu testamento em Santa Helena, deixa um legado a um facínora que tentara assinar a Wellington. Ó grandezas iguais à da alma da vizinha vesga! Ó grandes homens da cozinheira de outro mundo! Quantos Césares fui, e sonho todavia ser.
Quantos Césares fui, mas não dos reais. Fui verdadeiramente imperial enquanto sonhei, e por isso nunca fui nada. Os meus exércitos foram derrotados, mas a derrota foi fofa, e ninguém morreu. Não perdi bandeiras. Não sonhei até ao ponto do exército, onde elas aparecessem ao meu olhar em cujo sonho há esquina. Quantos Césares fui, aqui mesmo, na Rua dos Douradores. E os Césares que fui vivem ainda na minha imaginação; mas os Césares que foram estão mortos, e a Rua dos Douradores, isto é, a Realidade, não os pode conhecer.
Atiro com a caixa de fósforos, que está vazia, para o abismo que a rua é para além do parapeito da minha janela alta sem sacada. Ergo-me na cadeira e escuto. Nitidamente, como se significasse qualquer coisa, a caixa de fósforos vazia soa na rua que se me declara deserta. Não há mais som nenhum, salvo os da cidade inteira. Sim, os da cidade dum domingo inteiro – tantos, sem se entenderem, e todos certos.
Quão pouco, no mundo real, forma o suporte das melhores meditações. O ter chegado tarde para almoçar, o terem-se acabado os fósforos, o ter eu atirado, individualmente, a caixa para a rua, mal disposto por ter comido fora de horas, ser domingo a promessa aérea de um poente mau, o não ser ninguém no mundo, e toda a metafísica.
Mas quantos Césares fui!”

Fernando Pessoa

28 de outubro de 2011

A ausência cura o amor*

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Hoje passei pela 3ª travessa da saudade,
Na boca o gosto amargo do café e na lembrança as fantasias de um carnaval passado por aquelas ruas vazias.
Tava tudo meio doído e, de repente, aquele amor todo se esvaiu pela janela do ônibus... 
Realmente você não era tão necessário assim para que meu sorriso fosse feliz. Que mania a minha de submeter o meu sorriso ao olhar alheio.
Com o tempo, as dores vão se aquietando e todas as lágrimas, por mais salgadas e belas, foram deixando o drama mexicano e se acomodando na melodia dos fones de ouvido.
Preciso de antibióticos para curar as infecções que carrego na minha alma.
Uma dose de amoxilina para minha garganta super dolorida pelos vômitos da saudade.
Uma caixa de rivotril para acalmar as pressões dos nervos(ismos) alheios.
Um paliativo qualquer, um floral que sirva, qualquer homeopatia recomendável.
Se nada servi um vinho por favor, do mais doce e barato, para que todo o tormento se embriague, a memória se apague e novas coisas aconteçam.
Hoje passei pela 3ª Travessa da saudade e ela fica ao lado do Cemitério.
Se hoje sinto saudades?
Sim, sinto todos os dias.
Saudade do perfume de jasmim que tinha a minha rua.
Saudade do tempo em que nada (definitivamente) era tão sério e definitivo.
Saudades das brigas de 5 segundos com meu irmão. Antes jogávamos brinquedos um no outro, hoje lançamos ofensas.
Saudade do abraço materno que me protegia, dos cuidados com a boneca da casa e de toda a inocência dos olhares lançados nas atitudes.
Saudades de acordar de bom humor e abraçar vó e tia.
Saudades de saber que tudo está bem e não precisa se preocupar.
Hoje passei pela 3ª Travessa da saudade e por ela passam todos aqueles que deixaram as saudades mais bonitas, aquelas que já não podem ser mais corrompidas e que guardamos em casa nos porta-retratos.





Put me back in the bottle
Where the sea meets the sun
Where the bones and their rattle
It don't mean anything to no one
And I, I had a swing
When my soul was my own
I had my teeth bared for battle

* Marcel Proust

26 de outubro de 2011

2ª Lição

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Como fazer para que os cheiros de nossos detalhes se entranhem em nossas almas?
Se esconder na noite, se emaranhar em cabelos, mãos, dedos e desejos...
Sentir em teus braços o pecado da língua na pele...
Sentir em minha boca o pecado dos olhos e dos sussurros...
O pecado, Meu Bem, de me lançar em tua cama e lá sentir as delícias de tua carne.
Carne feita de gozos e risos
(...)


Beijo nos olhos… 
Na alma…
Na carne...

17 de outubro de 2011

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"Fisicamente, habitamos um espaço, 
mas, sentimentalmente, somos habitados 
por uma memória."

José Saramago

14 de outubro de 2011

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"Porque não conseguia dormir nem comer, à espera dele. 
Portinari e Flor...
Agora, agora vou ser feliz, pensava o tempo todo numa certeza histérica. Até que aquele cheiro de alecrim bergamota, de hortelã madeira fresca, começasse a ficar mais forte, para então, um dia, escorregar que nem brisa por baixo da porta e se instalar devagarinho no corredor de entrada, no sofá da sala, no banheiro, na minha cama. 
Ele tinha chegado."

Caio Fernando Abreu

12 de outubro de 2011

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" Foi muito lindo te ver pela primeira vez e pensar,
sem palavras: eu quero"

#CaioFernandoAbreu

10 de outubro de 2011

1ª Lição

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De todos esses olhos que passeiam nas possibilidades,
Teus olhos, como um carinho de amêndoas, passearam pelos meus.
Calma coração, os beijos que recebeste ainda foram tão singelos,
Há, nesse sorriso meigo, demônios que pulsam por vorazes desejos.
Beijos que precisam de continuação
(...)

8 de outubro de 2011

Tiny Vessels

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(...)

Tiny vessels oozed into your neck
And formed the bruises
That you said you didn't want to fade
But they did and so did i that day
(...)


 Death Cab For Cutie

5 de outubro de 2011

#Fica Dica 9

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Exitem 3 tipo de homens: os bonitos, os charmosos e os inteligentes...
Você se enquadra nos bonitos,
Mas ando dispensando certas belezas.
Charme e inteligência são cada vez mais essenciais.

30 de setembro de 2011

Entre Reticências

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Antes e depois das reticências nosso infinito se torna reduzido
pela simples ação de um tal de Você.
Você, que me pega por completo e me devolve a mim
em pequeninos pedaços desagradáveis de ironia, raiva e grande dose de tristeza.
Mas, não é premissa verdadeira essa história de que "depois de você os outros são os outros",
Talvez os outros sejam melhores e tornem-se novos canalhas nos ENcantos de nossas bobas fantasias.

Imagem da minha querida Gisa Leão.

29 de setembro de 2011

Cartas escritas para você

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“Saber que não se escreve para o outro, saber que as coisas que vou escrever não me farão nunca amado por aquele que amo, saber que a escritura não compensa nada, não sublima nada…”
Roland Barthes

Hoje, numa mesa de bar, uma amiga citou uma frase de Barthes onde ele diz que nós só escrevemos cartas de amor no início, com seus mistérios e no fim, com seus sofrimentos.
A relação, em seu percurso, não é escrita, mas vivida em cada dia, sentida em cada beijo e enxugada em cada lágrima, durante os meses e anos que o amor aguentar.
Eu sei que ando praticando o desapego, mas isso não quer dizer que não quero me apaixonar.
Necessito de amor, amor com todos os seus suspiros e arrepios.
Um amor com início, meio e fim. Com cartas, textos, retratos, papéis de chocolate e rótulos de cervejas.
Amor datado e registrado numa memória palpável, mais confiável que a lembrança de nossa pele traidora.
Deixo ao seu alcance as possibilidades de receber as cartas de amor que um dia escreverei para você.
Cartas que guardem o mistério do início de cada olhar, a duração de cada beijo e cada sorriso e, se possível, poucas lágrimas,  pois lágrimas sempre são necessárias para que o fim chegue.


“A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavras. Minha linguagem treme de desejo. A emoção de um duplo contacto: de um lado, toda uma atividade do discurso vem, discretamente, indiretamente, coloca em evidencia um significado único que é “eu te desejo”, e liberá-lo, alimentá-lo, ramificá-lo, fazê-lo explodir (a linguagem goza de se tocar a si mesma); por outro lado, envolvo o outro nas minhas palavras, eu o acaricio, o roço, prolongo esse roçar, me esforço em fazer durar o comentário ao qual submeto a relação.”
Roland Barthes

23 de setembro de 2011

Nessa estrada da vida que fascina caminha sempre em frente, além dos montes!

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Não quero ser mais triste que meus olhos.
Não quero ser arrastada por entre os vales de tua solidão e assinar os desacordos de nossas depressões com essas lágrimas que escondo do mundo.
Onde ficaram os sentidos das coisas?
Escorreram pela minha pele imunda, se perdendo por essas valas sombrias de algumas lembranças.
São tantos assim os meus defeitos?
Sei que meu sorriso é imperfeito, mas faço o possível para que ele seja sincero e não se manche de falsidades.
Não são muitas as minhas pretensões...
Não quero ser melhor do que ninguém, nem mais inteligente, nem mais simpática.
Só quero ficar no meu canto, sabe?! Sem verdades pelas quais brigar.
Me deixa aqui, deitada na cama, com meus travesseiros e minhas músicas velhas.
O mundo já me prometeu tanta coisa, mas hoje não quero acreditar em novas bobagens.
Por mais masoquista que seja esse meu coração, uma hora ele já não aguenta mais apanhar e é nesse hora em que me encontro.
Não tem nada aqui cicatrizado, tá tudo inflamado, sangrando e quando algum machucado tá quase sarando, outro rasga ao lado e infecciona.
Não sei mais de nada...To cansada.
Cansada de falar que tá tudo bem, quando eu sei que é impossível o bem estar de tudo.
Cansada de lembrar de amores que minha razão já questiona se de fato foram amáveis.
Cansada dessas fotos com sorrisos ultrapassados, sorrisos mofados e empoeirados.
Cansada de fazer de conta que eu sou a pessoa ideal para você, se no fundo eu acho que nem te mereço.
Cansada desses adjetivos que carrego em minhas mãos, olhos, bocas e alma.
Cansada de ficar tentando sair dessa caverna e me iludindo achando que essas luzes que vejo são resquícios de algo melhor que eu já tive.
Ando achando o mundo estupidamente enfadonho.
É tanto preconceito idiota, é tanto moralismo pós-moderno, tudo tão cult e supostamente revolucionário.
Tudo tão falsificado. Tantas aspas e farpas desnecessárias.
Não quero ser mais triste que meus olhos... Na verdade nunca achei meus olhos tristes, mas não posso negar que nesses dois últimos anos eles se entristeceram demasiadamente.

21 de setembro de 2011

Isso me endureceu um pouco mais.

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"Discretamente, enviei sinais de socorro aos amigos. Ninguém ajudou. Me virei sozinho. Isso me endureceu um pouco mais. Não foi só você, não. Foram também pessoas até mais íntimas (...) Não me lamuriei. Mas preciso que as pessoas saibam que isso doeu - exatamente porque algumas destas pessoas importam para mim."

Caio Fernando Abreu

12 de setembro de 2011

Te Mando Um Recado

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Olha... te espero sentada em meu mundo vermelho... 
Hoje escuto um tango e sinto que cada vez mais teu amor anda para longe de mim... 
Sei que sou meio assim, assim... mas olha... O tempo passa e a eternidade de dias que estou aqui, sentada nesse chão frio, a escutar diversas músicas só para lembrar de tuas mãos é algo que não posso definir... 
É tempo demais amor... 
Como estás? 
Acabou de passa um carro parecido com o teu, mas não vi a placa, também não adiantaria, não sei teu número, nem teu endereço, como te achar se não nos meus sonhos esporádicos e freudianos? 
Se fiquei esperando você chegar é porque uma festa preparei, botei o vestido azul que achas lindo, o perfume sensual que te agrada e uma música de Nando Reis. 
Mas dias insistem em passar, e o futuro que me prometeste ainda não chegou, vai demorar muito? Não aguento mais esse presente insistente... 
Não sei mais de que cor eu pinto meus cabelos e isso é trágico. Estou com medo. 
Começa a escurecer e as luzes não clareiam muito, são daquelas amareladas que não me permitem ler aquele romance daquele escritor que tu tanto ama e me fez amar também. Como estás? 
Meus olhos continuam tristes e a minha voz anda relutante, parei de ler Nelson, ando meio romântica e comprei uma blusa cor de rosa. 
Continuo sentada assim, com minha postura incorreta e com esse amor condicionado a sua ausência que parece não lembrar que me esqueceu aqui. 
Beijos, ainda espero você me ligar.

23 de Dezembro de 2009

8 de setembro de 2011

... uma espécie de pasta espiritual ...

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"Caí em meu patético período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali."




#Ando EXATAMENTE assim...

5 de setembro de 2011

Melhore Querida

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Olá meu bem,
Também não ando bem, a cada dia que passa meu humor piora e nada me satisfaz...
Sei lá, acho que setembro chegou, mas agosto ainda sobrevive com seus desgostos.
Ele soltou todas as bruxas e antecipou nossos infernos astrais. Como podemos sobreviver a isso?
Veja, vamos tomar um café, daqueles de chocolate crocante, bem doce como sorriso de criança trelosa.
Não me abandone assim, quero ver você bem.
Quero poder te fazer bem.
Não deixe que essa saudade esquente teu corpo e te prenda na cama.
O sábado vem chegando e cervejas geladas nos esperam numa mesa de bar.
Meu bem, se aproxima a época das flores, quantas vezes eu já te disse que não quero te ver triste?
Isso não combina com você.
Você foi feita para sorrir.
Toma um banho gelado, veste um vestido rendado e vamo simbora achar alguma alegria nessas ruas cheias de sol.
Te espero pra conversarmos bobagens.
Amu tu todo dia.


Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
De "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Chico Buarque

Amor também é feito de arrepios e suspiros...

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Não ando sofrendo por amor, mas pela falta dele.
Não a falta do objeto amado.
Não ando sofrendo pelo beijo que ele me deu,
nem pela barba sempre mal feita ou aquele perfume que só combinava na pele dele.
Não é dessa falta da pele e da carne que sinto.
Penso, que a lembrança desse amor específico começa, a cada dia que envelhece, a se tornar mais encantada.
Mas não, não é disso que sinto falta.
Sinto falta do desejo pelo outro, seja esse outro qualquer um que apareça e saiba transformar sua presença em saudade.
Sinto falta de me perder na leitura de um livro porque lembrei, subitamente, de uma frase despretensiosamente dita por alguém.
Sinto falta de andar pela rua com um sorriso bobo apenas pelo fato do telefone ter tocado sem nenhum tipo de espera.
Sinto falta também da espera, pois era no observar do ponteiro que se mexia lentamente que eu preparava meu coração para sins ou nãos...
Sinto falta de sentir todos os talvezes que o amor me trazia.
Se pinto minhas unhas de vermelho em pleno inverno, é porque ainda espero que o amor apareça, que eu beije sua boca qualquer, que eu marque suas costas e que minhas mãos se prendam em seus dedos sem desenlaces. Quero esperar a primavera com os lábios pintados de rosa, com olhos rabiscados de algum tipo de ilusão e com um perfume que se fixe ao meu travesseiro e me faça dormir bem.
Uma vez li em um livro que "amamos mais o desejo do que o objeto amado".
Hoje é disso que falo.
Eu sinto a falta do amor pelo desejo de amar.
Eu sinto falta de querer achar que a boca supostamente amada tem um sabor de fruta exótica... 
Sinto a falta dessa necessidade de não entender, mas apenas sentir, com cada pedaço que me é permitido, o outro que sente o prazer do meu corpo.
Me entenda, eu não falo daqueles que passaram por minhas pernas, seios e coração.
Falo dos arrepios e suspiros que senti com os seus prazeres.
Andei lembrando e lembrei que amor também é feito de arrepios e suspiros...
Amores não podem ser feitos apenas com lágrimas e lembranças,
Amores são feitos de memórias de carnes que se moem e se fundem na tentativa de não se separar, mesmo, que depois de algum tempo alguém se separe. Afinal, amor também é consequência de nossos humores.
Amar também é saber se distanciar, guardando na lembrança os sorrisos e carinhos.
Não ando sofrendo por amor, não, não mesmo...
Meu coração tá meio sei lá... digamos que, desempolgado para algumas tolices sentimentalistas.
Meu coração anda um tanto ácido e levanta, como em protesto anarquista em mim, uma placa com letrinhas garrafais: FODA-SE, POIS ANDO SEM SACO PRA TE AMAR.
Será que ele não percebe que isso anda magoando alguns outros corações, inclusive a sim mesmo?
Engraçado, lembrei agora, uma amiga me falou uma vez que meu coração é uma criança cheia de gosto. Sempre quer o doce que não pode ter e quando consegue tê-lo desgosta e joga fora.
Meu coração gosta de dar corda para enforcar, mas também gosta de pegar cordas e ser enforcado.
Tenho um coração suicida. #Fato.
Um coração que se mata por certas almas que nem o percebem.
Mas que se mata por livre arbítrio e bem sabe disso e foi exatamente por ter feito essa descoberta que  diminuiu suas lamentações.
Bem, minha querida, que bom que você ainda sobrevive.
Querido, sinto saudades de ler suas cartas. Fique bem também.
Se em qualquer esquina dessas eu achar algum amor perdido, o trarei para casa e farei todas as suas bobagens. Por enquanto, me perco no emaranhado de minhas bagunças e qualquer coisa, se der certo, eu os aviso.
Beijos nos olhos e nas mãos.

2 de setembro de 2011

O tempo é a maior distância entre dois lugares...

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Não tenho estrutura pra você,
pra ceder as tuas vontades, as tuas loucuras...
pra ter você sem ter,
pra sentir que és minha, mesmo sabendo que tens dono.
Não quero mais sentir que não sou o bastante.
" Você tem que deixar ela partir!" - É isso, professor! És um sábio.
Pronto, amor- É isso!
Te deixo partir.
Você me pedia isso o tempo todo. Até quando me implorava para eu não te deixar - você queria mesmo era que eu te libertasse desse meu despreparo pra te receber na minha vida.
Meu corpo te agrada, te sacia, te conforta, mas não é o suficiente pra você. Na impossibilidade de ser por inteira...
Pode ir, linda!
Volta, quando eu estiver pronta pra te receber... Se é que um dia terei estrutura que não desmorone quando o furacão de teus impulsos insistir em passar por nós.
"Está afastada de quem se ama é andar, permanentemente, na direção contrária à que se deseja".
Eu te amo, mas isso não basta!
Estarás em minhas melhores lembranças, sempre!

# Por email!

Eis um texto de uma moça que, volta e meia, anda com diferenças tão lindas.
É muita pertubação, muito ciúme, muita loucura, demasiado AMOR.

1 de setembro de 2011

Hello September

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No sonho um desconhecido recitava poesia.
Ele surgiu em meio ao caos de prédios em chamas, onde gritos e lágrimas adornavam o sofrimento plástico de cada um que sofria pela perda de qualquer coisa não tida.
Acordo e perco suas palavras... Insisto. Ainda na cama tento lembrar de ao menos um verbo, mas não consigo.
Penso que o apanhador de sonhos que decora meu quarto tem algum problema em seu filtro, será que ele não percebe que certas lembranças vindas do sono eu quero deixar guardadas em minha falsa realidade?
Bom dia setembro... Eu estava mesmo esperando por você.
Agosto passou por minha porta, bateu, entrou e em um longo espaço de 5 semanas ele me deu uns poucos sorrisos, cansaços e alguns desgostos, como é de sei feitio.

Você bem sabe, agosto tem a péssima mania de desgastar sentimentos, de trazer chuvas em dia de sol, de quebrar amizades e deixar os cachorros loucos latindo a noite inteira sem me deixar dormir.
Setembro, de você aguardo a primavera que venho tentando criar. Não precisa que ela tenha rosas, margaridas e girassóis, mas se possível, por favor, algumas tulipas. Nada de dálias, muito menos violetas, mas pode mandar jasmins e cerejas que me façam inveja.
Quero manter minhas amizades, quero manter o resto de felicidade que guardo naquela foto em minha parede e ninguém sabe. 
Quero praias... 
Urgentemente preciso me deitar na areia e sentir o sol queimar cada célula desse meu corpo pálido. 
Gosto quando o sol deixa meu corpo com aroma de canela e gosto de mar.
Bem, querido setembro, seja doce, se possível, ando cansada de rudezas.
Sem mais para o momento.


Atravessamos agostos que parecem eternos e, 
nos setembros, suspiramos quase leves outra vez: 
Meu Deus, passou. Que setembro venha com bons ventos, 
que me traga sorte e amor,
 que não me deixe sofrer, por favor.

Caio F. Abreu.

25 de agosto de 2011

...nasceram sussurros...

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Amar: Fechei os olhos para não te ver

e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...

O amor é quando a gente mora um no outro.

Mario Quintana

...nada fazer...

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Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho… o de mais nada fazer.

Clarice Lispector

...olhar que acaricia...

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Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

Cora Coralina

HAPPY NEW YEAR

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Mira, no pido mucho,

solamente tu mano, tenerla
como un sapito que duerme así contento.
Necesito esa puerta que me dabas
para entrar a tu mundo, ese trocito
de azúcar verde, de redondo alegre.
¿No me prestás tu mano en esta noche
de fìn de año de lechuzas roncas?
No puedes, por razones técnicas.
Entonces la tramo en el aire, urdiendo cada dedo,
el durazno sedoso de la palma
y el dorso, ese país de azules árboles.
Asì la tomo y la sostengo,
como si de ello dependiera
muchísimo del mundo,
la sucesión de las cuatro estaciones,
el canto de los gallos, el amor de los hombres.

Júlio Córtazar

22 de agosto de 2011

1 X 0 Pra Você...

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Por mais que as lembranças ressurjam e eu olhe para elas com aquela vontade de novamente comê-las, 
jaz em nossa possibilidade a falta de possíveis laços a serem reatados.
Não podemos negar, dói saber que o seu primeiro amor vai se casar. 
Alguém substituiu aquele cantinho que supostamente era seu, 
e sem ao menos perceber todas aquelas chances foram pontualmente acabadas sem você nem ter consciência total da perda.
Perdi beijos que me comiam,
Perdi olhos que me despiam,
Os sorrisos mais caros foram para longe,
As brigas que iriam ser gritadas se silenciaram, 
As traições não se efetivaram.
Eu sei, você não era capaz de me amar.
Tanto sei que eu mesma me afastei.
Mas veja, o fato de eu saber que você não sabe me amar não implica em acharmos que eu não saiba te amar.
Mas talvez... Não, não há talvez.
Sim, confesso, realmente não sei te amar.
Não sei nem se isso era amor.
Nos encontramos, 
Você me esperou, 
Fui...
Voltei
Te esperei,
Ficaste,
Fui,
Se casaste.
Eu sei, eu nunca me casaria com você, mas sabe aquela sensação de perda? 
Pois bem, eis o que eu sinto agora.
Nesse tabuleiro, as casas que andei me levaram para outras trilhas,
Suas tentativas de entrar em meu jogo foram falidas e as minhas tentativas de entrar em teu jogo foram inexistentes, pois mesmo quando eu tentava ser sua, era tudo artifício para provar que eu conseguia te fazer ser meu.
Tá vendo, não era amor.
Era apenas uma brincadeira que brincávamos de formas diferentes.
Cada um do seu jeito,
Cada qual com sua arma.
Ambos com feridas e cicatrizes.
E hoje você com um ponto a mais.
Pelo menos por enquanto...



#Ok baby, boa sorte no casório!


18 de agosto de 2011

(...)

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Como anda o teu agosto?
Ontem choveu e algumas poças ficaram intactas no parquinho da escola.
Passei por um jardim onde vi florzinhas amarelas e todos os dias andam de forma inconstante. 
Fico pensando como podemos encontrar pessoas tão doces...
Como podemos brigar sem querer e amar sem amar...

Você acha que o fato de fazer sexo com alguém implica que há intimidade entre você e esse alguém?

Intimidade não é algo que compete ao sexo, mas algo que passeia na janela do amor.
Sinto vontade de novas conversas, de saber como você vai, 
de, quem sabe um dia, ter a possibilidade de fazer amor com você e não ficar sem saber o que falar na hora do café da manhã.
Coisa triste não saber o que falar na hora do café da manhã.
Queria aprender a estabelecer conversas nessa situação.
O que se fala além de Bom Dia, alguém sabe?
Ando cansada de chás de frutas roxas, vermelhas e afins...
Cafés fazem falta,
Amor também faz.