28 de junho de 2010

Meu Abraço

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Vou beber uma garrafa de vinho...
Vinho branco suave...
Vinho branco barato...
Talvez assim eu aqueça meu coração,
dê-lhe um abraço...
Ontem cheguei a conclusão que tive que aprender a me abraçar,
não há braços que me suportem...
não há braços que me provem o quão válido é amar...
Quero, em braços, os meus braços,
sentir-me enlaçada, não apenas abraçada, mas também acariciada por mãos e por carinhos.
Não quero mais os teus braços,
nem os dele, também não quero.
Quero braços simples e sinceros,
quero apenas um abraço meu.

23 de junho de 2010

Queres dançar?

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Seja bem vindo querido.
Não se sinta acanhado.
Aqui não há nada além de palavras, gestos e insinuações.
Mas daqui podem surgir passeios de mãos por corpos desconhecidos.
Basta querer brincar comigo.
Deixa eu ser teu Mephistópheles...
Entrega-me teu corpo que te darei o desejo mais profano, 
fecharei teus olhos e tua boca sentirá o beijo mais santo.
Por quais templos deverei andar para te encontrar ao acaso?
Quais serão os lençóis que embalarão a dança de nossas sombras?



22 de junho de 2010

Invitation

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- Como é Londres?
- A sua cara.
- A Minha cara? Defina-me Londres para ver se acho minha cara.
- Não defino Londres em você, mas imagino você em Londres. Roupas estranhas, festas libertinas, frio e nós, nos amando nessa cidade do jeito  que não sabemos amar. Nossa vida aqui seria num quarto, à quatro paredes e os dias se embalariam pelas vozes inglesas que falam o que não se entende. Sozinhos poderíamos aprender inglês e teu corpo seria para mim a folha na qual rabiscaria as palavras desse novo idioma.
- Assim acabo indo até você.
- Não acabe. Venha. Pois se vir iremos começar a nos sentir. Há casal mais casual que nós dois?
- Talvez nossa casualidade se acabasse nessa cidade. Me fascina falar com fumaça na boca, mas não sei se me acostumaria a não ver tuas palavras, a ter constantemente teu calor e a sentir frio nas gramas de tardes molhadas. Acho melhor esperar-te aqui.
- Então fica o convite. Assim que precisar de mim, venha a Londres.




Cansaço

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Tá! Confesso... 
Meu materialismo espiritual é exacerbado.
Sou apegada a tantas coisas... não a medalhas milagrosas ou santos de barro,
mas há fotos, palavras e cheiros dos quais não consigo me desfazer.
Não consigo viver sem recordações, nem me desapegar de minhas máscaras, essencialmente belas.
Entenda, venha aqui, tenho um segredo pra lhe contar... mais perto... não posso jogar fora a máscara que uso para proteger-me de mim mesma.
Como eu viveria?
Ahhh!!! Sem discursos de auto-ajuda por favor!
Sejamos existencialmente racionalistas.
Talvez o meu eu não seja eu ou talvez não seja meu.
De quem será então, senão de outro eu que julgo ser meu.
Entenda, não sou confusa, até sou, mas não confusa de toda meia confusão.
Nada tenho a não ser sorrisos, abraços e beijos guardados em minha já desbotada caixa vermelha de sentir.
Há tanto pó em sua superfície... Serão cinzas ou poeiras?
Tanto faz... Ambas são esquecimentos.
Não me diga que sou dramática, meu drama de fato você nunca viu e para vê-lo, de duas uma, ou tens olhos verdes de raio-x como um certo fulano que conheci, ou então estarei eu desesperadamente embriagada por tristezas para dizer-te em lágrimas e sorrisos as dores de meu coração rodrigueano que diz que é meu. Mas eu nem sei mais se sou eu ou outro que inventei, pois houve épocas em que eu estava deveras cansada de mim e precisei me ad-mirar.
Você está entendendo?
Hoje senti saudades de ler Córtazar, parei de jogar amarelinha no meio da loucura de Oliveira... Apesar de tudo eles se pareciam... Vi-os muitas vezes iguais, na verdade foi por isso que sai do jogo, pois cheguei à conclusão de que desconheço-o na mais íntima distância. 
Hoje vi um arco-íris. Adoro ver arco-íris pela janela do ônibus... eles me dão a sensação do mundo ser de mentira.
Arco-íris em janela de ônibus é ilusão, fantasia que surge entre nuvens de algodão.
Arco-íris é mentira. Com certeza alguém botou ali por pura implicância...
Eu sei que tenho que ser crítica, mas gosto tanto de arco-íris que acho até que me fazem feliz.
Veja a que ponto cheguei... 
Necessito ser enganada até por traços coloridos,
Até por amores fingidos, por beijos esquecidos e 
por abraços nascidos de um enlace de braços e mãos.
Na verdade, meu eu, se é que o conheço, precisa de arco-íris para sobreviver pelo abismo de excessos niilistas que busquei, cavei e plantei com meus olhos tristes.

18 de junho de 2010

Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.

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Numa manhã chuvosa, de uma chuva que anuncia um dilúvio bíblico, surgem anúncios de um descanso ingrato.
Como viver sem novas palavras suas?

"Dirão, em som, as coisas que, calados, no silêncio dos olhos confessamos?"
Talvez a chuva seja Deus chorando por não ter conseguido converter-te...
Tu que por vezes o denunciou...
Tu que por vezes o revelou, o criticou, mas que sempre o buscou mesmo negando-o.


"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."

De carne meu coração é feito,
De lágrimas meus olhos se molham.
Onde encontrarei um cão para enxuga-las?
Onde, em minha cegueira socializada, poderei encontrar Deus ou o Diabo ?
Onde encontrarei os nomes de minha vida?
Os obcjetos que quase sempre me rodeiam e me dominam?

"Há ocasiões que é mil vezes preferível fazer de menos que fazer de mais, entrega-se o assunto ao governamento da sensibilidade, ela, melhor que a inteligência racional, saberá proceder segundo o que mais convenha à perfeição dos instantes seguintes."
Como encontrar perfeição se o mundo que nos cerca inunda-se de péssimas literaturas?
Necessito alienar-me!!!!
Necessito de teus livros para sobreviver à essa angústia que é viver só.
Inúmeras foram as vezes que chorei em tuas páginas...
Inúmeras foram as vezes que me vi em tuas letras...
Uma pessoa sempre esteve entre mim e tu...
Passarei meus dias a reler-te...
A sonhar com uma ilha desconhecida onde, em um barco, amarei desde bordo à bombordo um homem qualquer.

"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas já eu teria desistido da vida." José Saramago
Agora, diga-me com detalhes: como Ele te recebeu? Vestia-se  com as vestes douradas de festa como no teu evangelho? De fato sua força é tanta como todos dizem ser? Onde Ele estava quando morreste? Ou será que não o encontraste?
Diga-nos por favor...

2 de junho de 2010

Talvez esse fosse meu sonho...

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A Flor

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A Flor

Ouvi dizer
do teu olhar ao ver a flor
Não sei por que
achou ser de um outro rapaz
Foi capaz de se entregar
Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim
Mas mesmo assim...
Minha flor serviu pra que você
achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu...
Tua flor me deu alguém pra amar
E quanto a mim?
Você assim e eu, por final sem meu lugar
E eu tive tudo sem saber quem era eu...
Eu que nunca amei a ninguém
Pude, então, enfim, amar... vai!

Los Hermanos


Quantas Flores terei que plantar para que apenas uma nasça e me faça amar?
Amar pétalas, cheiros e cores...
Amar novos amores,
Simplesmente amar...
sem porquês e sem motivos,
sem esperanças e sem princípios
Amar apenas com a condicional vontade de amar...
Desejar ser flor
Desejar ser cheiro
Desejar ao menos ser lembrança de algo que
um dia parecia ser amor.