31 de outubro de 2012

Onde me perdi?

, , 1


- Vem, estamos todas com saudades de você. Eu to com saudades de você, mainha também tá com saudades de você, tá todo mundo aqui com saudades de você.

- Eu também estou com saudades de mi... é... de vocês... Eu vou ver como faço para ir Engraçado, eu ia dizer que também estou com saudade de mim. O que não deixa de ser verdade.


*****

Não sei por onde fui deixando cair os melhores pedaços de mim.
As pessoas ao meu redor sentem faltam, outras me preferem com esse jeito passivo que acabei adquirindo, outras reclamam o emudecimento de minhas atitudes.

"Você era mais feliz quando fazia dança"

"Quem? Você? Submissa em uma condição feminina na qual você era quem mais lutava contra..."

"Onde foi parar aquela mulher pela qual me apaixonei perdidamente e que me disse: Desculpa, mas sou livre?"

"Porque você acabou desse modo a sua relação com a sua família?"

"Engordou um pouquinho num foi amiga?!"

"O cabelo curto tava tão bonito, tá deixando crescer de novo e ainda mais deixando ele preto?"



Me perdi não sei por onde... Mas será que eu estava "achada" em alguma coisa?
Será que eu já era algo antes de ser isso que estou me re-trasnformando?

*****

Eu sinto saudades de mim.
Por mais que não pareça, eu sinto sim.

29 de outubro de 2012

Do nosso jeito

, , 1



Será que eu sei que você é tudo aquilo que me faltava?
Ao rever nossas vidas antes de nós o que nos fazia sorrir?
Aquilo que um dia fomos caminhou durante anos para a mesma coincidência 
e acabamos por entrelaçar nossos olhos desviando de tudo aquilo que nos afastava de um mundo só nosso.
Enveredamos por escolhas nossas e o que nossas escolhas fez de nós?
O que somos um para o outro afinal?
Seremos apenas a tentativa de um carinho no rosto ou de um beijo na mão?
Pois creio que não...
Talvez sejamos mais que carne,
Talvez sejamos mais que sonhos e ilusão...
Sou para você os ouvidos que te acalentam o sono.
És para mim o riso inapropriado das horas inadequadas.
Sou para você cuidado e reclamações.
És para mim paciência e silêncio.
A casa se tece ao nosso redor e guarda nossos cheiros pelas paredes amareladas.
Juntos nos misturamos e acabamos por aprender que aos poucos nos completamos em nossas subjetividades e ao nosso redor plantamos as flores que irão enfeitar e sujar o nosso jardim.
A briga sempre é pra saber quem vai limpar tudo ao final...

"Bem... se não for amor eu cegue..."



"Amor É Pra Quem Ama"

, , , 0




Sempre há aquele momento em que o tudo passa pelos seus olhos e te pergunta se ele anda valendo a pena.
Hoje eu lhe respondi que sim.
Se ad-miro minha vida, meus dias e meus afetos, vejo que carrego em minhas mãos apenas coisas boas e diante disso percebi que tenho tudo o que preciso para ser feliz e assim me deixo nas mãos do destino.
Não tenho um milhão de amigos, mas os que tenho são inexoravelmente necessários para que eu possa co-existir.
A família segue com saúde, em paz e com Deus olhando por cada uma das matriarcas.
Aos trancos e barrancos a tese caminha em passos de formiga, mas com vontade.
E o coração anda a sorrir, se adaptando à estabilidade da casa e do corpo.
Coisa boa segurar na mão alheia, poder dizer "te amo" e ouvir de volta a mesma frase com a mesma carga de carinho.
Amo a todos esses que estão ao meu redor, por tudo o que eles são para mim e por tudo o que eu sou ao lado deles.

Se eu quero viver o hoje por toda a eternidade?
Sim... quero.


"qualquer amor já é um pouquinho de saúde 
um descanso na loucura"
Guimarães Rosa

12 de setembro de 2012

Porque Hoje Eu Preciso Dizer Que Te Amo!

, 2


Hoje eu acordei com uma vontade insana de te ver.
Queria ter despertado a teu lado, me aconchegado em teu corpo e assim achar nosso cheiro misturado nos lençóis.
Hoje eu queria nossos sorrisos estampados em fotografias.
Queria nossos beijos mais vorazes.
Queria seus olhos fechados e meu riso frouxo.
Hoje mais do que nunca senti vontade de dizer que eu te amo.
Mas sempre houve aquela regra que dizia para por esparadrapos em minha boca e evitar expor meu carinho através dessa frase tão piegas e démodé.
Mas eu quero ter um amor piegas.
Quero um amor romântico daquele à luz de velas e rosas de perdão.
Mas, mais que tudo quero um amor sincero,
onde apenas ao olharmos um para outro saibamos se há sorrisos ou lágrimas em nossas almas.

Acordei e coloquei Renato para cantar:
" e hoje em dia como é que se diz eu te amo?"

Te pergunto então meu bem: Como posso te dizer que te amo?
Como fazer você acreditar que os suspiros de meu peito seguem tua essência e que pelas ruas não há nada que se  iguale ao cheiro do seu cabelo. Me diz como?
Haverá um tempo que talvez sejamos apenas lembrança um para o outro,
Um tempo em que nossas peles não se toquem e que os sorrisos fiquem guardados em álbuns antigos dentro do guarda-roupa.
Mas enquanto esse tempo não chega, sejamos nós no tempo que nos é presenteado.
Sejamos nós enquanto nossos corpos se encaixam em uma sinastria que diz ser incompatível que um escorpiano entenda as indecisões e necessidade do coração de uma libriana.
Sejamos nós enquanto nossos risos se espalham pela casa fazendo inveja aos vizinhos.
Sejamos nós ao estender nossas roupas, brigar pelos pratos e fazer o jantar.
Que eu seja para você cúmplice e ouvinte.
Que você seja para mim confiança e amparo.
Que eu seja pra você massagem e mordidas.
Que você seja para mim massagem e cócegas.

Sejamos um para  outro o que sentimos.
Sinto que te amo e quero que você continue a ser o meu bem.
Sinto que me queres e quero que continue a plantar em seu bosque toda a ternura de outrora e que não foi perdida pelas valas da incompreensão.

Não sei como se diz Eu Te Amo sem ser brega ou forçada.
Sei apenas que hoje o único verbo que expressa o que sinto é "amor"
e apenas por isso "Eu Te Amo!" e digo antes que amanhã chegue e a oportunidade de te amar tenha ido com a brisa do outono.

Beijos nos olhos,
na alma e
na carne,
sempre. 

11 de setembro de 2012

Uma carta perdida

, , , 0


Oi querido,
Vim te dizer que estou com saudades e que queria, nesse momento ser a carta que seguras em tuas mãos.
Lançar-me-ia em teus braços e com desejo, louco e urgente, tiraria tua roupa, beijaria tua boca e em teus lábios realizaria os meus desejos mais profanos.
Pensei que talvez a vida pudesse ser novamente boa para nós e arranjar um encontro ao acaso, numa esquina qualquer, ali, de repente, na surpresa de ver teus olhos eu pudesse me re-encantar em te ter em minha frente.
Lembra de nossas tardes em frente ao mar?
Sorvete de doce de leite e flocos.
Carinho despretensioso no rosto, 
e gosto de ternura na boca.
Bem, só queria dizer que sinto saudades, apenas.
Também me sinta, de vez em quando, passear por tua lembrança.
Pois, sempre que fecho os olhos pra esquecer do mundo tento levar minha alma para caminhar em tuas tardes.

Beijos que um dia foram nossos
e que sempre continuarão a ser.




Soneto XI

, , 0



Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pelo,
e pelas ruas vou sem nutrir-me, calado, 
não me sustenta o pão, a aurora me desequilibra, 
busco o som líquido de teus pés no dia.

Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas, 
quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.

Quero comer o raio queimado de tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto, 
quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas

e faminto venho e vou olfateando o crepúsculo 
buscando-te, buscando teu coração ardente 
como um puma na solidão de Quitratúe.


Pablo Neruda

# E faminto fico esperando-te com a lembrança de teus beijos em minha boca.

Em algum canto por aí

, , 0


Podia ser mais fácil sabe?
Antigamente as coisas eram mais doces,
No início de tudo há um certo encantamento que embriaga.

Há tanta dificuldade de conviver, em continuar por meses com o mesmo encantamento do primeiro dia.

A convivência nos rouba a surpresa de descobrir novos detalhes e aquilo que era desconhecido se torna algo tão comum, que vai ficando mais difícil ainda de encontrar o encantamento já visto.
Por qual rua estamos nos perdendo?
Por quais esquinas esquecemos de nos beijar?
Não vejo mais em seus olhos a admiração de dias atrás...
Não vejo mais em suas mãos o cuidado da sobriedade...
Em algum canto por aí há de haver algo nosso que ainda nos pertence.
Não basta amor...
O amor sozinho não satisfaz a paz.


****

Overdose de Nando Reis para dias de desespero sempre é algo que alivia a alma...

30 de agosto de 2012

Necessidade de (Re)Ternura

, , , 0


De repente me ponho a pensar sobre as mudanças das coisas.
Antigamente você me ligava (pontualmente) entre 13h e 13h30 com uma ternura na voz que dava à minha infernal tarde de trabalho a doçura de pensar em ti. 
Hoje há dias em que espero até a 01h, porque você disse que ligaria "daqui a pouco". 
Ligo, já meio irritada pelo fato de ser esquecida e vejo que a pontualidade se perdeu em meio a qualquer programa que passe em qualquer canal.
Isso me faz pensar que talvez, tenhamos, de certo modo, perdido nosso ar de ternura telefônica.
Ou melhor, isso me faz pensar que acabamos gastando toda nossa ternura quando queremos conquistar aquele a quem se quer amar. 
Você já foi mais doce...
Eu já fui mais meiga...
Mas será que gastamos nosso estoque de bondade e ternura quando não éramos nada além de possibilidades efêmeras?
Hoje, que somos possibilidades concretas, acabamos por nos perder em meio a carinhos programados... É como se a rotina tivesse nos amarrado as pernas e aqueles dias em que bati de surpresa na tua porta se institucionalizaram em sexta/sábado/domingo.
Eu lembro, que em algum momento, tínhamos fins de semana só nossos, sem problemas ou imprevistos. Eu sei que algum dia a gente deve ter vivido pra gente, não pode ser ilusão minha. 
Há um déjà vu em mim de que isso que eu quero eu já tive. 
Talvez eu tenha errado em algumas concessões que fiz, 
Talvez você também tenha errado em suas ocupações.
Mas será que não tem como voltar (nem que seja de vez em quando) a sermos o que éramos quando nada éramos um para o outro?
Definitivamente nós, seres humanos, somos uns insatisfeitos.

8 de agosto de 2012

"Traga a vasilha para enchermos de Liberdade!"

, , 0




"Nada mais triste que um amor sem amor."


Esse menino tava com a febre do rato mesmo ao fazer esse filme.
Recife apareceu na tela em preto e branco com uma poesia carregada de sujeira e amor.
Uma cidade e suas palafitas, seus personagens tão característicos e um poeta.
Assistir Febre do Rato no Cinema São Luiz foi lindo, fazia anos que eu não pisava lá dentro e já nem sabia mais como era o seu ar de antigamente.
Entre risos e lembranças o filme foi se tecendo em meu sorriso e referências foram surgindo. Me lembrei de pessoas, cantos e livros e toda aquela película se envolveu de significados perturbadores.
Que cenas lindas! A tela de repente se tornava um porta retrato e os olhos se encantavam com as sombras e luzes que envolviam cada personagem.
O sexo foi divinamente horizontalizado e nos fez mudar a perspectiva de nossos olhares.

"Porque você não me quer?
Se for por falta, eu me procuro.
Se for por excesso eu me mutilo."

Não tenho muito o que disser, foi tudo muito sentido e o visual foi absurdamente marcado, como quando Zizo escreve em sua pele todos os anseios por sua amada Eneida.

Ps. Confesso não ter curtido o fim, pra mim o filme poderia ter terminado 10minutos antes, mas o que são 10minutos finais diante de uma lindeza tão exaltada?! Assistam...


2 de agosto de 2012

Boa Sorte Em Agosto!

, 1


Os dias de agosto correm lentos.
Dias verdadeiramente intermináveis...
Acordo tarde, mal me alimento,
Arrumo o quarto, vejo um filme, tento estudar,
Leio, canso, ouço músicas, banhos, internet
Mais leituras, mais cansaço, mais tentativas e desgastes 
e o dia agostiano continua a angustiar.

Pode até ser superstição essa história de que agosto é o mês do cachorro louco e coisas parecidas,
Mas mesmo que ele não seja, 
ele carrega em si um peso que já nos deixa com pé atrás, achando que a qualquer momento algo de ruim pode acontecer.

Agosto mal começou e já quero o seu término.
Ando fatigada dessa vida desmotivada, 
Aguardo a primavera na esperança que humores melhores me enfeitem,
Aguardo flores que não chegam, 
Carinhos que se foram.

Não, não gosto de agosto.
Ele é insistente,
longo...
Sei que logo, logo o meio de mês não chega e 
eu já não vou ter um tostão pra tomar um café e ganhar um sorriso.

Queria sete dias de descanso, 
Esquecer faculdade grevista,
Esquecer família intrometida,
Esquecer problemas pessoais e existenciais.
Sete dias em qualquer lugar que não fosse aqui.  
Talvez agosto tenha cinco semanas que que me sobrem sete dias para tentar fugir.

#BoaSorteEmAgosto!

30 de julho de 2012

Dia

, , , 0




Dia 

O dia que mais tenho saudade, 
segunda 
O que mais penso em você, 
sexta 
As horas que mais te desejo, 
quando te vejo 

 Da minha poesia, 
inspiração, 
beijo 
Não sei mais ir embora, 
dia nenhum. 


 Rafaella Rafael
(O amor é um sujeito embriagado)

Amor

, , 0




O que existe além do que já foi dito sobre amor?
Toda a minha vida pautada em amores que tive e que gostaria de ter.
Falando sobre os que tive também não tenho muito a dizer;
Amei e fui muito bem amada,
Mas foi um amor, um único amor que veio e cruzou minha vida, 
tocou minha alma e ficou marcado em minha pele.
Todos nós carregamos conosco uma história,
aquela que só nos atrevemos a lembrar quando, 
durante a noite no escuro, 
encostamos nossas cabeças no travesseiro 
e o silêncio cala fundo.

AMOR

Não importa os anos,
Certas coisas simplesmente permanecem.

AMOR

Mas então, numa quinta-feira a tarde de um ano qualquer
tropeçamos nesse amor já supostamente esquecido
e percebemos que amor igual não há 
e que aquela pessoa continua e continuará a ser 
a nossa referência afetiva mais sincera e profunda.
Não é doença nem obsessão,
aliás não é nada, só amor.
Amor dos bons,
daqueles que são únicos e maravilhosos,
que acontecem poucas vezes na vida das pessoas.
Daqueles amores que ficam e teremos que 
conviver com ele como algo concreto e parte de nossas vidas

AMOR

Que alma consegue atravessar a vida 
sem ter conhecido um amor e 
quem sabe ter a sorte de ser correspondido?
Que vida vale a pena sem amor?
Nenhum sentimento é mais lindo, 
profundo e transformador que o amor.

AMOR

Só o amor transcende e purifica
Enlouquece e cura,
Invade e permanece,
Liberta e aprisiona,
Quando acontece é um som grave que penetra e invade e permanece.
Não compliquem nem elaborem o sentimento 
mais incrível e poderoso de todos.
Permitam que ele chegue e se instale, 
pois o resto são bobagens meninos,
Bobagens.

25 de julho de 2012

Pra Sonhar

, , 1




Se uma câmera gravasse nossos instantes mais bonitos eu colocava essa música pra ser tema de nós dois. Recados e fotos espalhados pelo teu quarto. A pia cheia de pratos e a cama desarrumada dizendo que estávamos lá.
Às vezes me falta palavra para descrever nossos nós, 
às vezes me falta ar e me sobram suspiros, mas não tem como não expressar, nem que seja por um sorriso, o quanto é bom estarmos juntos.
Teria gravado em nosso clipe nossas pazes depois das brigas. Sei que cheirar meu sovaco e me matar de cócegas não são coisas tão românticas assim, mas são o seu jeito em mim.
Gravaria também todas às vezes que você reclama quando eu te peço "vem mais pra cá" na cama   e mesmo assim você vem sorrindo olhando pra mim, fazendo de conta que não gosta de sair do seu canto e vir para o meu.

Não estamos construindo um sonho romântico, estamos construindo uma realidade nossa, na qual o mundo é ali onde vivemos e as coisas ao nosso redor são adereços que escolhemos ou não acrescentar. Estamos, a nosso modo, atando nossos nós.


, , 0




O tato é, talvez, o sentido sobre o qual menos se tenha falado. Há uma filosofia dos olhos, uma filosofia do ouvido, uma filosofia da boca. Mas desconheço uma meditação filosófica sobre o tocar. E, no entanto, a pele é lugar de tantas alegrias ...
   
[Rubem Alves]

"Não acredito que vou gastar desse modo a vida..."

, , 0


Onde foram parar as tardes de fazer inveja às cerejas? 
Quando lembro daqueles olhos não tenho mais certeza se eram esses mesmos olhos que minha lembrança se lembra. 
Há uma fantasia que envolve minha recordação e transforma tudo aquilo que foi vivido numa espécie de sentimento enevoado por uma necessidade de perfeição. 
Não lembro a última vez que o vi, nem nosso último beijo, nem o seu último suspiro em meus cabelos. Lembro apenas do seu cheiro, que inconstante, vagueia por aí na intenção maquiavélica de não me deixar esquecer. Mas quando me ponho a recordar acabo achando tudo aquilo mais bonito do que realmente foi. 
Tento voltar naquele sábado que o encontrei depois de uma ausência de três meses. Será que realmente vivi aquele dia ou acabei inventando pra mim mesma uma situação que seja digna de ser lembrada por toda a minha vida? 
Minha teoria é a seguinte: quando o amor acaba, ele fica mais bonito.  
Mais bonito porque nos resta apenas a lembrança do objeto amado e na lembrança a gente esquece das falhas, acabamos por maquiar as pequenas cicatrizes e guardamos apenas aqueles instantes que julgamos fundamentais para deixar o amor bonito e digno de ser lembrado. 
Já tive um amor perfeito e bem vivido, mas hoje, quando me recordo, acabo achando que ele foi mais do que era. 
Não sei até que ponto isso é bom ou ruim. 
Pelo lado positivo podemos achar que pelo menos vivi um amor de verdade, daqueles de filme onde eu fugiria (e quase fugi) de moto em uma viagem rumo ao sul da América. 
Um amor daquele que tem cheiro e trilha sonora de Cássia Eller cantando No Recreio. Sempre há um sorriso de canto de boca quando ouço a parte em que Eu só queria me casar Com alguém igual a você... 
Mas sejamos coerentes. 
Pelo lado negativo toda essa ilusão de grande amor acaba por influenciar na construção de um referencial que nem sei mais se é válido e confiável, portanto é claro que existe alguém melhor do que você sim, se não existisse eu não teria me afastado. 
Não sei onde foi parar as tardes de fazer invejas às cerejas, sei apenas que não tem como esquecer o fato delas, um dia, terem existido e fico feliz por isso, mesmo que isso tenha sido apenas invenção do meu coração.

5 de julho de 2012

Algumas Elucubrações

, 0


Há momentos na vida em que aquilo que lembramos é apenas o resto do que fomos.
Bem que Drummond falou que deveríamos aprender a arte de (con)viver.
Repara... quantas vezes você abre mão daquilo que você é para por um sorriso no lábio alheio?
Quantas vezes você ligou pedindo desculpas por algo que não vez apenas pelo simples medo de não poder errar outra vez?
Todas as relações se baseiam em atos de confiança.
Mas até quando podemos olhar para teus olhos e neles encontrar resquícios de verdades?
Como se pode construir sentimentos?
Talvez gostar seja, realmente, um grande erro.
Porque quando gostamos lançamos ao outro qualidades que nem sempre eles carregam. 
Não conseguimos evitar, sempre fazemos assim.
Não nos contentamos, queremos mais, exigimos mais, pedimos mais apenas por acharmos que aquela pessoa é mais do que aquilo que ela nos mostra.
Ainda luto comigo mesma para não afundar no niilismo de que esse mundo está fadado à relações mercantilistas.
Talvez ainda tenha algo de humano em nós, em mim, em você.
Talvez ainda nos reste a possibilidade de acreditar que se pode confiar,
que se pode cativar, que se pode amar incondicionalmente.
Expectativas nos roubam a possibilidade da surpresa e fazemos de nossa vida uma contínua escola onde aprendemos artifícios psicológicos para tentar prever, de algum modo, certas atitudes, interpretando outras e transformando isso tudo em um arsenal de tranqueiras que definam algo do ser humano.
Sou humana. 
Sei de meus desejos físicos, sei como minhas emoções me dominam e até que pondo minha racionalidade reina intelectualmente sobre meu corpo.
Sei que há momentos em que olho no espelho e não me reconheço,
procuro lembranças de meu próprio rosto e apenas encontro diante de mim uma mulher desconhecida.
É estranho mudar.
Não é estranho mudar quando a gente diz que vai mudar. Isso não é estranho não.
É estranho mudar quando a mudança nos chega como vento que invade pela janela e derruba qualquer coisa de qualquer canto. É estranho se deparar de repente com uma vida que você não lutou pra ter, uma vida que veio surgindo como medusas dançando no mar.
Você fica bobo olhando, tenta de todas as maneiras compreender como água pode ter vida e como é bonito ela dançando tão perto... tão perto... tão perto que quando te toca, te machuca.
Resta-nos o medo de se machucar de novo e a sensação incômoda de que ali não é tua casa.
De que aquela não é você e de que essa não era a vida que era pra ser.

19 de junho de 2012

1



‎"Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo. Isso é que libera a gente para ser feliz de novo."

23 de maio de 2012

Entrelace

, , 1


Somos feitos de instantes e nossos instantes são marcados pelo detalhe de nossas lembranças.
Estamos carregados de uma beleza só nossa e é essa beleza que quero manter entre nosso abraço.
Doeu ouvir vozes rudes em meus ouvidos.
Doeu falar farpas e arpões para te machucar.
Mas houve silêncio...
Nuvens...
- Está chovendo no meu bosque.
Nada foi mais lindo do que te ouvir falar isso para mim.
Não quero chuvas entre nós.
Acho que as tempestades que causo só me fazem perceber que os teus olhos não me querem longe.
Porque se tento me afastar tuas mãos me seguem e me pedem, delicadamente, para que eu repouse em teu colo minhas angústias infantis.
Somos feitos de instantes...
E nossos instantes são feitos pelo nosso cheiro misturado no travesseiro, pela casa em constante (des)arrumação, pela pipoca com coca-cola, por mordidas e massagens de desculpas... 
Nossos instantes são feitos pelos detalhes que carregamos um do outro
Sou teu instante quando você é o Meu Bem...
Você é o meu instante quando eu sou o Seu Bosque...
E assim nós somos nós.
Entrelaçados.

"Somos uns incorrigíveis!" *

, , 0



"Num piscar de olhos, ficamos todos 'ignorantes', ou melhor, através de mecanismos sutis de bestialização social, fomos todos transformados em escolares, incapazes  de decidir qualquer coisa sem a ajuda de um especialista. A conclusão é inevitável: A sociedade dos especialistas é contemporânea da sociedade dos infantilizados e incapazes, uma produzindo a outra, numa dialética perversa da incompetência programada, manipulando psiques desorientadas e afetos em frangalhos."

Flávio Brayner 
(Educação e republicanismo - Experimentos arendtianos para uma educação melhor. p.84)

*Obs. O Título da postagem é uma frase do autor, retirada desse mesmo livro.

14 de maio de 2012

, , 0



Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertecendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos.” Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. Confesso que agora só espero você. 

Caio F. Abreu

24 de abril de 2012

Ama-me

, , , , 0


Quero abstrair-me toda em teu corpo como num poema de Verlaine. 


"Mas chega o outono: amemos! 
Um no outro, à vontade, sejamos mais que brasa pois o inverno já vem, 
os dois de corpo e alma, sejamos mais que flama, 
sejamos mais que carne!" 

Na voluptuosidade de nosso desejo, ama-me e mata-me pela voracidade de tua boca, 
entrelaça-se em minhas pernas para que façamos uma farra escandalosa. 
Lençóis úmidos 
Corpos suados 

É isso mesmo! 
Ama-me então, melhor que a toda essa cambada de outras que desconheço.

Ama-me apenas, 
pois te amo totalmente e então repousa sobre mim 
para que se encerre em meu corpo todo o perfume do teu. 

 29 de maio de 2009

Para Maria Clara...

, 0


Não sabes Clara, o quanto dos dias nasceram pra te iluminar a pele. 
Menina de Mãos de nuvens, que envolta em Te amos enche a casa com a doçura de sua clareza. 
Ei, docinho, você me sufoca com sua tão jovem arrogância, 
mas me encanta com seus olhos de princesa de neve. 
Teus príncipes te esperam, pois tua beleza reinará sobre eles.
Clara que nem a branca que princesa um dia foi. 
Clara que nem a luz do sorriso de menina. 
Clara que clareia nossos dias com alegria. 
Apenas a nossa Clarinha... 


" — O teu sorriso é delírio... 
És alva da cor do lírio, 
és clara da cor da neve!"

23 de abril de 2012

Não sei, queria saber se você não está a fim de amar um pouco...

, , 0



“Alô? Tem algo marcado pra hoje? Queria saber se você quer sair para beber alguma coisa.. (E ouvir umas histórias. Contar algumas também. Botar a conversa em dia. Falar sobre nós um pouco, talvez. Contar umas estrelas. Fazer uns pedidos. Quem sabe realizar alguns meus. Rir um pouco. Sentir-se leve. Esquentar um pouco os pés frios, o coração vazio. Se não quer sentar e relembrar o passado. Matar essa saudade. E essa vontade. Quem sabe sentir alguma vontade. Não sei, queria saber se você não está a fim de amar um pouco, se aceita ser amado e me amar.)”

Caio Fernando Abreu

19 de abril de 2012

É necessário aprender a arte de “abrir mão”

, 0




"Mas é preciso escolher. Porque o tempo foge. Não há tempo para tudo. Não poderei escutar todas as músicas que desejo, não poderei ler todos os livros que desejo, não poderei abraçar todas as pessoas que desejo. É necessário aprender a arte de “abrir mão” – a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial."

Rubem Alves

12 de abril de 2012

Eu podia não estar assim, apaixonada por você...

, , 0





Muitas foram as vezes em que olhei para o espelho mentindo para mim mesma achando que poderia me afastar. Não nego, pensei todos os dias em desfazer esses laços, em por um pouco de distância nisso tudo, me preservando, desse modo, de algumas possíveis lágrimas que surgirão logo mais.
Mas quem já viu coração negar amor? 
Amor assim gratuito, sem nada cobrar em troca, existindo apenas pelo simples esperar de um beijo num quarto escuro... 
Não nego, novamente repito, não tenho como negar que estou gostando de cuidar de você. 
É diferente, entende? 
Sempre foram os outros que cuidaram de mim, nunca me permitir cuidar dos outros.
Pra mim cuidado envolve muita coisa e a principal delas é a confiança. 
Mas cuidando de você sei que to aprendendo a ser uma pessoa melhor. 
Menos exigente e mais permissiva e isso tudo reflete no sorriso da gente. 
Não tenho como me afastar, quando vejo você sorrir me dá logo uma vontade de sorrir de volta, é bonito, sabe.
O teu sorriso tem alma, como se anunciasse coisas boas. 
Gosto de ver você sorrir pra mim, gosto mais ainda de ver você sorrir por mim, pois é nesse momento que sei que há pelo menos um pouquinho de carinho que é só meu.
Nada anda muito coerente em minha vida, mais do que nunca dragões veem e vão esbarrando pelos cantos da nossa memória. Algumas vezes eles aparecem com cheiros peculiares, outras com olhares inquisidores e eu sei bem como é difícil cuidar de dragões, Caio anda sempre me ensinando. 
Mas aos poucos a gente acostuma a conviver com eles, sabe do que to falando? É disso. 
Não adianta expulsar eles de perto de você, só resta se acostumar com a presença quente e suas influências em nossas emoções.
E por essas e outras que continuo a pedir pela doçura das coisas, quais exatamente não sei, mas o fato de algo ser doce já é suficiente para querer estar ao seu lado e com isso continuo te chamando de Meu Bem.

30 de março de 2012

"Como se"

, , 1





Não me chateio com os seus quereres, pois sei o quanto eles são infantis.
Mas não deixo de me perguntar se sempre vai ser assim...
Quando é que vamos querer juntos?
Quando é que vamos criar uma empatia que dispense desgastes?
Quando é que você vai apenas e simplesmente virar para mim e perguntar: Você quer isso também?
Não se disponha ao "nós" se não sabes vivê-lo.
Ter o outro implica em olhar para o outro, compreendê-lo, aceitá-lo e mais do que tudo cuidar para que ele seja feliz.
Eu to cuidando de você e sei que você vê.
Mas você está cuidando de mim?
Veja bem, meu bem. 
Só lhe peço um pouco de empatia.

27 de março de 2012

5ª Lição

, 0


Que esses dias fiquem registrados aqui...
Aprendo com eles que cuidado requer esforço, mas nos possibilita o prazer de um sorriso.

Parece que a felicidade nos rouba frases poéticas, por isso já faz um tempo que não escrevo, mas andei pensando nisso e to achando que é porque ando vivendo os dias bonitos que estavam na poesia.

Borboletas no estômago, sorrisos, beijos, olhares e aromas estão todos aqui entre nós dois e esse amontoado de coisas boas me lança ao deleite de teu quarto.
Hoje eu não quero escrever sobre o teu sorriso.
Hoje eu quero ver você sorrindo para mim e me beijando na cozinha na tentativa de que eu pare de lavar os pratos.
Hoje eu não quero fazer elucidações sobre nós.
Quero apenas me deitar na cama, apoiar minha cabeça no teu ombro de modo que, de instantes em instantes, eu possa levantar meu rosto, encostar meu nariz em tua barba e sentir de novo o acalento do teu cheiro.
Quero, meu moreno do cabelo enroladinho, apenas que você continue sendo esse bem que me faz.

22 de março de 2012

Diálogos

, 0


- Você tava com saudades?
- Claro que sim. Já me acostumei a dormir depois de ouvir tua voz com sono me dando boa noite.

***

- Podemos não brigar mais?
- Por mim fechou.
- Por mim também.

***

- Eu quero uma cafeteira.
- Eu prefiro um ar condicionado.
- Então façamos assim: Eu compro uma cafeteira pra fazer café no inverno.
- Humm.
- E você compra o ar condicionado pra refrescar no verão. Aí, quando tiver calor aqui no meu quarto eu vou dormir no seu.
- Quem vai sair ganhando sou eu. Vou ter um ar condicionado e você dormindo o verão inteiro ao meu lado.

Preciso de alguém

, , , 0


Meu nome é Caio F.
Moro no segundo andar,
mas nunca encontrei você na escada.



Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia – eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas. Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como – eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto – preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio – tão cansado, tão causado – qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios – que importa? (Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio – viria? virá? – e minto não, já não preciso.) Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.

Caio Fernando Abreu, 1987

#Como Caio conseguiu ser tão lindo? 

21 de março de 2012

Olha só, Moreno

, , , 0



Olha só,
Moreno do cabelo enroladinho,
Vê se olha com carinho pro nosso amor,
Eu sei que é complicado amar tão devagarinho
E eu também tenho tanto medo,
Eu sei que o tempo anda difícil e a vida tropeçando,
Mas se a gente vai juntinho, vai bem.
Eu não sei se você sabe, mas eu ando aqui tentando
E a gente tem o eterno amor de além.

E eu me pergunto o que é que eu sou.
Vai ver eu não sou mesmo nada
E eu me pergunto o que é que eu fiz.
Vai ver eu não fiz mesmo nada,
Eu penso tanto em desistir,
Mas afinal, não ganhei nada.


#Oks, dou meu braço a torcer. Mallu cresceu e tá linda. 

14 de março de 2012

Despedida

, , 0


E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.


Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.

Rubem Braga
Extraído do livro "A Traição das Elegantes", Editora Sabiá – Rio de Janeiro, 1967, pág. 83.

29 de fevereiro de 2012

Ainda Te Guardo Aqui...

, , , 2


Coisa linda se deparar com o destino e encontrar caminhos aos quais seguir.
É lindo se perder pelos desvãos de nossas vontades
É lindo quando arrancam suspiros de nós
Enfeitei minha sala com um jarro de girassóis e fico a olhá-los continuamente, pois naquelas inúmeras pétalas sinto como se houvessem guardadas as respostas de cartas nunca enviadas.
Quantas vezes li e reli as palavras vindas de tão longe como se elas estivessem escritas em minha própria pele?
Sentia cada contorno de letras com a suavidade do toque de um pianista.
Passei dias iludindo-me com devaneios amorosos e, como se perdida no estúdio de Sabina, eu enxergava a possibilidade de sustentar meus passos dançando com o chapéu coco que guardava a leveza de meu ser.
O fato, meu caro, é que há um halo envolvendo a primavera que inventamos dias atrás.
Primavera que espalha cerejas pelas tardes vazias, cerejas carregadas pela vermelhidão das bocas que as saboreiam.
E por esse carinho surgido pela coincidência de nosso lirismo, talvez tenhamos sido, um para o outro, atalhos para novas esperanças.


27 de fevereiro de 2012

Esses Dias Com Ele

, , 1




Quantos dias com ele?
Quantos dias, depois que chegaste por aqui, já roubaste de mim?
Ao seu lado ou na distância telefônica de nossas vozes, quantos dias já tornaram-se nossa vida?
Em quantos dias, repletos de tentativas, fiz insanidades para te manter aqui por perto, ao alcance de meus dedos desajeitados e curiosos?
E dentro desses dias, quando foi que o acaso nos visitou, caso, de fato, o acaso insista em existir?
Mas desconfio que não foi acaso aquele sábado, aquela mesa e aquele Mercado.
Desconfio que não tenha sido acaso você ter chegado e desarrumado tudo por aqui, pois é quase certo que não tenha sido sem querer que você invadiu minhas terras espalhando estacas que delimitam carinhos.
Por essa invasão agradeço alguns danos causados e que nunca mais serão esquecidos.
Agradeço você ter me ensinado o que dizer além de Bom Dia no café da manhã, pois aprendi que Bons Dias podem vir acompanhados por sorrisos, beijos e tentativas fotográficas sem muito sucesso.
Em todos esses Bons Dias senti o gosto doce de dormir junto e acordar agarrando.
É bom sentir teu braço no meio da noite me procurando...
É bom, também, ver filme ao contrário na cama, abraçando teu pé enquanto o meu pé roça tua barba, barba essa que já perdi a conta das quantidades de acordos que tentei fazer para mantê-la por perto de mim.
Tua barba tem perfume de aconchego, será que isso serve como motivo para a permanência dela entre nós dois?
Portanto, entre esses e outros detalhes, aviso que esses danos causados, durante esses dias vividos e compartilhados, serão o motivo pelo qual ainda tento que o amanhã exista na nossa lembrança. 

Beijos nos olhos, 
na alma,
e na carne.
(Sempre)


#Inspirado no filme 500 Dias Com Ela. Não viu ainda? Veja antes de morrer, é lindo.

25 de fevereiro de 2012

Nossas Desculpas Para Desculpas

, , 1


(...)

Não nascera para o amor, alegava. Não tinha o dom ou a paciência tão necessários à lida com o outro. Tolo, não compreendia que a vida a dois ou a bilhões nada é senão um exercício contínuo de abrir mão de si mesmo em troca de uma eventual surpresa. Queria mais era controlar, porém, e preferia, portanto, o previsível. Não estava disposto a abrir mão do egoísmo sobre o qual se construíra. Era fraco, na verdade. Genial em sua arte, porém covarde. No entanto, não foi sem dor que ele desistira de se buscar no olhar do outro, voltando-se para si apenas. A gente está num lugar que nem sempre nos aceita de bom grado. Afinal, há tantas manchas de violência sobre aqueles que ousam ser quem realmente são...

(...)

22 de fevereiro de 2012

Mais Um Carnaval

, , , , , 0


Carnaval passou e a Colombina por ele passeou.
Carnaval acabou e a Colombina por ele chorou.
O que seria de nossas almas sem a permissão de usar descaradamente todas as nossas máscaras mais empoeiradas?
Carnaval sempre chega para acalentar a tristeza e deixá-la guardada na gaveta da cômoda do quarto.
Carnaval de carne e frevo, cores e chuva que desmancha fantasia.
O que seria de nossa clandestina alegria sem a possibilidade de subir e descer as ladeiras de Olinda?
Você tem noção o quão lindo é ver o fogos se explodirem por entre os casarios antigos do Recife?
As ruas cheias, as luzes amareladas dos postes, as marchinhas sendo tocadas e as pessoas rindo, cantando, brincando, como se nada fosse mais do que aquele fugaz momento esperado um ano inteiro.
E de cada carnaval que passa, se guarda a lembrança de específicas companhias, de doces sorrisos e lindas danças.



Mas é Carnaval!
Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar,
Deixa o barco correr.

Deixa o dia raiar, que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!

Da nossa igualdade

, 1


E quem foi que disse que o mundo era justo?
Mas, imersos nas faltas das possibilidades de sins, podemos, juntos, ao menos tentar criar um mundo que nos traga alguma justiça em nossas vontades.
Dos corpos que passeiam ao nosso redor, ambos podemos aproveitar o deleite de outros sabores.
Ambos... Veja bem... 
Da igualdade de nosso querer nasce a igualdade de nosso agir e disso resulta cumplicidade e aceitação.
Você vai querer?
Eu te dou.
Te dou tudo o que você quiser, mas saiba de antemão que meus quereres são deveras extravagantes e deles não abro mão.
Se você quer eu dou a permissão, em troca, claro, da compreensão de que se você pode eu também posso e se assim não for, perdão. Não aceito  relações injustas, afinal, sou libriana e a justiça, sempre mal compreendida, faz parte de minha ideologia de vida. 
É bem como a gente diz: Se não sabe brincar não desce pro play. 
Acho que andamos brincando errado.

12 de fevereiro de 2012

, , 1


"Por mais que se esqueça um amor, 
ele pode determinar a forma do amor que se seguirá".

(Proust in: Em busca do tempo perdido)

6 de fevereiro de 2012

#Fica Dica 12

, , 1



Desculpa, mas to com raiva.
¬¬'

5 de fevereiro de 2012

Minha Insanidade

, 1


O que os olhos não veem, o coração não sente, mas a mente imagina...
Desligo o telefone e jogo na parede com vontade de quebrar qualquer coisa que sirva para passar essa raiva.
As lágrimas me dilaceram o rosto como há tempos não acontecia....
A dor me contorce na cama querendo rasgar os lençóis.
Falta voz para gritar, falta ar para sobreviver há mais um desespero de não poder ter o que se quer.
Nossas mãos se distanciam por sua culpa...
Pois a culpa há de ser de alguém e hoje não é minha, que tudo fiz para o amar com a dedicação que eu nem sabia que tinha.
Não há de ser destino essa sina de amores impossíveis.
Não pode ser premissa verdadeira essa história de que um amor é regado pelas lágrimas que ele provoca.
Não, não não...
Por favor olhos, parem de chorar. 
Quantos desvãos ainda existem pelo meu caminho?
Foi tudo insanidade e agora me resta a vontade de rasgar essa pele que guarda a lembrança do cheiro dele.
Quero destruir esse carinho que me machuca.
Queria apenas encontrar alguém que cuidasse de mim.
Se cuida, pois hoje paro, portanto, de cuidar de você, que não merece tanto cuidado.
Paro de cuidar de você que não me reconhece, pois talvez eu realmente não seja nada além de amiga.
Mas foda-se meu bem... Não quero ser amiga, o que eu quero é outra coisa. 
Você nunca viu em meus olhos os traços de paixão e afeto que dediquei todos os dias e noites para curar tuas dores.
Talvez, nunca você tenha me olhado de verdade.
Ou você acha que não tenho sentimentos?
Ou você acha que não está doendo como navalha que sangra a pele?
Ou você acha que é fingimento essa falta de ar causada pelas lágrimas?
Me diz o que é que você acha?
Não, não me diga.
Dizem que as pessoas passam nas vidas umas das outras deixando e levando lembranças.
Vim, passei, arrumei, ajudei, limpei, cuidei, reconstruí e me destruí.  
Não medi os efeitos colaterais de tamanha felicidade.
Mas sempre há os contras de todos os prós não é?!
Pois que assim seja...
Espero que amanhã, depois que as lágrimas secarem, isso tudo tenha valido a pena.