30 de setembro de 2011

Entre Reticências

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Antes e depois das reticências nosso infinito se torna reduzido
pela simples ação de um tal de Você.
Você, que me pega por completo e me devolve a mim
em pequeninos pedaços desagradáveis de ironia, raiva e grande dose de tristeza.
Mas, não é premissa verdadeira essa história de que "depois de você os outros são os outros",
Talvez os outros sejam melhores e tornem-se novos canalhas nos ENcantos de nossas bobas fantasias.

Imagem da minha querida Gisa Leão.

29 de setembro de 2011

Cartas escritas para você

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“Saber que não se escreve para o outro, saber que as coisas que vou escrever não me farão nunca amado por aquele que amo, saber que a escritura não compensa nada, não sublima nada…”
Roland Barthes

Hoje, numa mesa de bar, uma amiga citou uma frase de Barthes onde ele diz que nós só escrevemos cartas de amor no início, com seus mistérios e no fim, com seus sofrimentos.
A relação, em seu percurso, não é escrita, mas vivida em cada dia, sentida em cada beijo e enxugada em cada lágrima, durante os meses e anos que o amor aguentar.
Eu sei que ando praticando o desapego, mas isso não quer dizer que não quero me apaixonar.
Necessito de amor, amor com todos os seus suspiros e arrepios.
Um amor com início, meio e fim. Com cartas, textos, retratos, papéis de chocolate e rótulos de cervejas.
Amor datado e registrado numa memória palpável, mais confiável que a lembrança de nossa pele traidora.
Deixo ao seu alcance as possibilidades de receber as cartas de amor que um dia escreverei para você.
Cartas que guardem o mistério do início de cada olhar, a duração de cada beijo e cada sorriso e, se possível, poucas lágrimas,  pois lágrimas sempre são necessárias para que o fim chegue.


“A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavras. Minha linguagem treme de desejo. A emoção de um duplo contacto: de um lado, toda uma atividade do discurso vem, discretamente, indiretamente, coloca em evidencia um significado único que é “eu te desejo”, e liberá-lo, alimentá-lo, ramificá-lo, fazê-lo explodir (a linguagem goza de se tocar a si mesma); por outro lado, envolvo o outro nas minhas palavras, eu o acaricio, o roço, prolongo esse roçar, me esforço em fazer durar o comentário ao qual submeto a relação.”
Roland Barthes

23 de setembro de 2011

Nessa estrada da vida que fascina caminha sempre em frente, além dos montes!

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Não quero ser mais triste que meus olhos.
Não quero ser arrastada por entre os vales de tua solidão e assinar os desacordos de nossas depressões com essas lágrimas que escondo do mundo.
Onde ficaram os sentidos das coisas?
Escorreram pela minha pele imunda, se perdendo por essas valas sombrias de algumas lembranças.
São tantos assim os meus defeitos?
Sei que meu sorriso é imperfeito, mas faço o possível para que ele seja sincero e não se manche de falsidades.
Não são muitas as minhas pretensões...
Não quero ser melhor do que ninguém, nem mais inteligente, nem mais simpática.
Só quero ficar no meu canto, sabe?! Sem verdades pelas quais brigar.
Me deixa aqui, deitada na cama, com meus travesseiros e minhas músicas velhas.
O mundo já me prometeu tanta coisa, mas hoje não quero acreditar em novas bobagens.
Por mais masoquista que seja esse meu coração, uma hora ele já não aguenta mais apanhar e é nesse hora em que me encontro.
Não tem nada aqui cicatrizado, tá tudo inflamado, sangrando e quando algum machucado tá quase sarando, outro rasga ao lado e infecciona.
Não sei mais de nada...To cansada.
Cansada de falar que tá tudo bem, quando eu sei que é impossível o bem estar de tudo.
Cansada de lembrar de amores que minha razão já questiona se de fato foram amáveis.
Cansada dessas fotos com sorrisos ultrapassados, sorrisos mofados e empoeirados.
Cansada de fazer de conta que eu sou a pessoa ideal para você, se no fundo eu acho que nem te mereço.
Cansada desses adjetivos que carrego em minhas mãos, olhos, bocas e alma.
Cansada de ficar tentando sair dessa caverna e me iludindo achando que essas luzes que vejo são resquícios de algo melhor que eu já tive.
Ando achando o mundo estupidamente enfadonho.
É tanto preconceito idiota, é tanto moralismo pós-moderno, tudo tão cult e supostamente revolucionário.
Tudo tão falsificado. Tantas aspas e farpas desnecessárias.
Não quero ser mais triste que meus olhos... Na verdade nunca achei meus olhos tristes, mas não posso negar que nesses dois últimos anos eles se entristeceram demasiadamente.

21 de setembro de 2011

Isso me endureceu um pouco mais.

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"Discretamente, enviei sinais de socorro aos amigos. Ninguém ajudou. Me virei sozinho. Isso me endureceu um pouco mais. Não foi só você, não. Foram também pessoas até mais íntimas (...) Não me lamuriei. Mas preciso que as pessoas saibam que isso doeu - exatamente porque algumas destas pessoas importam para mim."

Caio Fernando Abreu

12 de setembro de 2011

Te Mando Um Recado

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Olha... te espero sentada em meu mundo vermelho... 
Hoje escuto um tango e sinto que cada vez mais teu amor anda para longe de mim... 
Sei que sou meio assim, assim... mas olha... O tempo passa e a eternidade de dias que estou aqui, sentada nesse chão frio, a escutar diversas músicas só para lembrar de tuas mãos é algo que não posso definir... 
É tempo demais amor... 
Como estás? 
Acabou de passa um carro parecido com o teu, mas não vi a placa, também não adiantaria, não sei teu número, nem teu endereço, como te achar se não nos meus sonhos esporádicos e freudianos? 
Se fiquei esperando você chegar é porque uma festa preparei, botei o vestido azul que achas lindo, o perfume sensual que te agrada e uma música de Nando Reis. 
Mas dias insistem em passar, e o futuro que me prometeste ainda não chegou, vai demorar muito? Não aguento mais esse presente insistente... 
Não sei mais de que cor eu pinto meus cabelos e isso é trágico. Estou com medo. 
Começa a escurecer e as luzes não clareiam muito, são daquelas amareladas que não me permitem ler aquele romance daquele escritor que tu tanto ama e me fez amar também. Como estás? 
Meus olhos continuam tristes e a minha voz anda relutante, parei de ler Nelson, ando meio romântica e comprei uma blusa cor de rosa. 
Continuo sentada assim, com minha postura incorreta e com esse amor condicionado a sua ausência que parece não lembrar que me esqueceu aqui. 
Beijos, ainda espero você me ligar.

23 de Dezembro de 2009

8 de setembro de 2011

... uma espécie de pasta espiritual ...

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"Caí em meu patético período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali."




#Ando EXATAMENTE assim...

5 de setembro de 2011

Melhore Querida

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Olá meu bem,
Também não ando bem, a cada dia que passa meu humor piora e nada me satisfaz...
Sei lá, acho que setembro chegou, mas agosto ainda sobrevive com seus desgostos.
Ele soltou todas as bruxas e antecipou nossos infernos astrais. Como podemos sobreviver a isso?
Veja, vamos tomar um café, daqueles de chocolate crocante, bem doce como sorriso de criança trelosa.
Não me abandone assim, quero ver você bem.
Quero poder te fazer bem.
Não deixe que essa saudade esquente teu corpo e te prenda na cama.
O sábado vem chegando e cervejas geladas nos esperam numa mesa de bar.
Meu bem, se aproxima a época das flores, quantas vezes eu já te disse que não quero te ver triste?
Isso não combina com você.
Você foi feita para sorrir.
Toma um banho gelado, veste um vestido rendado e vamo simbora achar alguma alegria nessas ruas cheias de sol.
Te espero pra conversarmos bobagens.
Amu tu todo dia.


Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
De "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Chico Buarque

Amor também é feito de arrepios e suspiros...

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Não ando sofrendo por amor, mas pela falta dele.
Não a falta do objeto amado.
Não ando sofrendo pelo beijo que ele me deu,
nem pela barba sempre mal feita ou aquele perfume que só combinava na pele dele.
Não é dessa falta da pele e da carne que sinto.
Penso, que a lembrança desse amor específico começa, a cada dia que envelhece, a se tornar mais encantada.
Mas não, não é disso que sinto falta.
Sinto falta do desejo pelo outro, seja esse outro qualquer um que apareça e saiba transformar sua presença em saudade.
Sinto falta de me perder na leitura de um livro porque lembrei, subitamente, de uma frase despretensiosamente dita por alguém.
Sinto falta de andar pela rua com um sorriso bobo apenas pelo fato do telefone ter tocado sem nenhum tipo de espera.
Sinto falta também da espera, pois era no observar do ponteiro que se mexia lentamente que eu preparava meu coração para sins ou nãos...
Sinto falta de sentir todos os talvezes que o amor me trazia.
Se pinto minhas unhas de vermelho em pleno inverno, é porque ainda espero que o amor apareça, que eu beije sua boca qualquer, que eu marque suas costas e que minhas mãos se prendam em seus dedos sem desenlaces. Quero esperar a primavera com os lábios pintados de rosa, com olhos rabiscados de algum tipo de ilusão e com um perfume que se fixe ao meu travesseiro e me faça dormir bem.
Uma vez li em um livro que "amamos mais o desejo do que o objeto amado".
Hoje é disso que falo.
Eu sinto a falta do amor pelo desejo de amar.
Eu sinto falta de querer achar que a boca supostamente amada tem um sabor de fruta exótica... 
Sinto a falta dessa necessidade de não entender, mas apenas sentir, com cada pedaço que me é permitido, o outro que sente o prazer do meu corpo.
Me entenda, eu não falo daqueles que passaram por minhas pernas, seios e coração.
Falo dos arrepios e suspiros que senti com os seus prazeres.
Andei lembrando e lembrei que amor também é feito de arrepios e suspiros...
Amores não podem ser feitos apenas com lágrimas e lembranças,
Amores são feitos de memórias de carnes que se moem e se fundem na tentativa de não se separar, mesmo, que depois de algum tempo alguém se separe. Afinal, amor também é consequência de nossos humores.
Amar também é saber se distanciar, guardando na lembrança os sorrisos e carinhos.
Não ando sofrendo por amor, não, não mesmo...
Meu coração tá meio sei lá... digamos que, desempolgado para algumas tolices sentimentalistas.
Meu coração anda um tanto ácido e levanta, como em protesto anarquista em mim, uma placa com letrinhas garrafais: FODA-SE, POIS ANDO SEM SACO PRA TE AMAR.
Será que ele não percebe que isso anda magoando alguns outros corações, inclusive a sim mesmo?
Engraçado, lembrei agora, uma amiga me falou uma vez que meu coração é uma criança cheia de gosto. Sempre quer o doce que não pode ter e quando consegue tê-lo desgosta e joga fora.
Meu coração gosta de dar corda para enforcar, mas também gosta de pegar cordas e ser enforcado.
Tenho um coração suicida. #Fato.
Um coração que se mata por certas almas que nem o percebem.
Mas que se mata por livre arbítrio e bem sabe disso e foi exatamente por ter feito essa descoberta que  diminuiu suas lamentações.
Bem, minha querida, que bom que você ainda sobrevive.
Querido, sinto saudades de ler suas cartas. Fique bem também.
Se em qualquer esquina dessas eu achar algum amor perdido, o trarei para casa e farei todas as suas bobagens. Por enquanto, me perco no emaranhado de minhas bagunças e qualquer coisa, se der certo, eu os aviso.
Beijos nos olhos e nas mãos.

2 de setembro de 2011

O tempo é a maior distância entre dois lugares...

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Não tenho estrutura pra você,
pra ceder as tuas vontades, as tuas loucuras...
pra ter você sem ter,
pra sentir que és minha, mesmo sabendo que tens dono.
Não quero mais sentir que não sou o bastante.
" Você tem que deixar ela partir!" - É isso, professor! És um sábio.
Pronto, amor- É isso!
Te deixo partir.
Você me pedia isso o tempo todo. Até quando me implorava para eu não te deixar - você queria mesmo era que eu te libertasse desse meu despreparo pra te receber na minha vida.
Meu corpo te agrada, te sacia, te conforta, mas não é o suficiente pra você. Na impossibilidade de ser por inteira...
Pode ir, linda!
Volta, quando eu estiver pronta pra te receber... Se é que um dia terei estrutura que não desmorone quando o furacão de teus impulsos insistir em passar por nós.
"Está afastada de quem se ama é andar, permanentemente, na direção contrária à que se deseja".
Eu te amo, mas isso não basta!
Estarás em minhas melhores lembranças, sempre!

# Por email!

Eis um texto de uma moça que, volta e meia, anda com diferenças tão lindas.
É muita pertubação, muito ciúme, muita loucura, demasiado AMOR.

1 de setembro de 2011

Hello September

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No sonho um desconhecido recitava poesia.
Ele surgiu em meio ao caos de prédios em chamas, onde gritos e lágrimas adornavam o sofrimento plástico de cada um que sofria pela perda de qualquer coisa não tida.
Acordo e perco suas palavras... Insisto. Ainda na cama tento lembrar de ao menos um verbo, mas não consigo.
Penso que o apanhador de sonhos que decora meu quarto tem algum problema em seu filtro, será que ele não percebe que certas lembranças vindas do sono eu quero deixar guardadas em minha falsa realidade?
Bom dia setembro... Eu estava mesmo esperando por você.
Agosto passou por minha porta, bateu, entrou e em um longo espaço de 5 semanas ele me deu uns poucos sorrisos, cansaços e alguns desgostos, como é de sei feitio.

Você bem sabe, agosto tem a péssima mania de desgastar sentimentos, de trazer chuvas em dia de sol, de quebrar amizades e deixar os cachorros loucos latindo a noite inteira sem me deixar dormir.
Setembro, de você aguardo a primavera que venho tentando criar. Não precisa que ela tenha rosas, margaridas e girassóis, mas se possível, por favor, algumas tulipas. Nada de dálias, muito menos violetas, mas pode mandar jasmins e cerejas que me façam inveja.
Quero manter minhas amizades, quero manter o resto de felicidade que guardo naquela foto em minha parede e ninguém sabe. 
Quero praias... 
Urgentemente preciso me deitar na areia e sentir o sol queimar cada célula desse meu corpo pálido. 
Gosto quando o sol deixa meu corpo com aroma de canela e gosto de mar.
Bem, querido setembro, seja doce, se possível, ando cansada de rudezas.
Sem mais para o momento.


Atravessamos agostos que parecem eternos e, 
nos setembros, suspiramos quase leves outra vez: 
Meu Deus, passou. Que setembro venha com bons ventos, 
que me traga sorte e amor,
 que não me deixe sofrer, por favor.

Caio F. Abreu.