24 de julho de 2011

Desabafo

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Quantos mistérios há entre o céu e a terra e não sabemos decifrar?
A vida poderia ser mais simples... #Fato
A vida poderia não ser um jogo de ações e reações que desencadeiam loucamente resultados múltiplos que atordoam aquelas almas desamparadas.
Toda aquela história de que o passado volta e atinge o presente não deveria refletir em pessoas que não estavam em tal passado. Mas colhemos o que plantamos, mas também acabamos plantando ervas, legumes e flores tudo num mesmo campo e como peste que se alastra, de repente tudo se devasta por algum veneno, algum descuido, sei lá...
A vida é feita de ações e reações... de passados e presentes que se misturam modelando cada novo passo.
Ações e reações...
Sabe, às vezes aquela menina que não teve o pai por perto, encontra nos olhos de seu tio um cuidado que a transforma... viva a sua vida, pequena. Diz ele, para que ela saia debaixo da barra da saia da mãe.
Às vezes, vivemos pelo outro... Muitas vezes na verdade... Quantos e quantos dias de minha vida não se apagaram do meu livro e escreveram mais um dia da vida da minha mãe? Incontáveis foram as vezes em que abdiquei de mim por ela. 
Quantas aulas faltei para ver algum cara que eu gostasse? Quantas mentiras contei pra ir em festas, bares e motéis?
Tudo é ação... Não sejamos hipócritas e assumamos nossos feitos... Odeio psicologias baratas que me aplicam diversas neuroses freudianas de que sou assim porque sofri traumas psíquicos que me definem como um ser patologicamente alienado. 
Julie de Waroquier
Tudo o que fiz, fiz conscientemente e sei, pode até não parecer, mas sei olhar no espelho e ver minhas derrotas. Sei chegar bêbada em casa e olhar meu olhos muito mais tristes, com o rímel borrado e ver, naquela imagem aquilo que eu também sou. Não bebo pra esquecer, bebo para suportar, para transformar qualquer dor que seja em algo tolo, em algo suportável.
Veja, vi um dia desse uma mãe e uma filha voltando de uma festa de família. A mãe trouxe de volta o resto da farofa que ela tinha levado, mas a filha, chateada, carregando a vasilha, não conseguia abrir o portão e jogou, com ódio, com ódio mesmo, a farofa toda no chão e a mãe entrou de cabeça baixa. Ah! Mas que besteira, era só um punhado de farinha. Pra mim podia ser, pra você talvez seja, mas para aquela mãe, a farinha era, desde a sua infância um alimento que ajudou na sua sobrevivência e claro, era um alimento dado por Deus.
Ahhh!!! Tá bom, ando emotiva, sensível e tudo me comove ou me irrita de maneiras extremistas. Ando com uma orgia de palavras em minha mente... lembranças, dores, reflexões e planos, tudo enlouquecido tentando sair de jaulas... há monstros em nós que poucos conseguem ver, mas que nós sabemos que criamos... há todo um jogo de sombra e luz ao nosso redor e quando as luzes vão te encaminhando, surgem trevas para atormentar. 
Ok... Já sei, são situações-limite e eu devo ter calma e saber suportar...
Para quem não sabe, as situações-limite, segundo Karl Jaspers, são aquelas nas quais não temos o poder de mudar ou racionalizar de maneira a encontrar respostas práticas para explicá-las. Pois bem, minha vida anda sendo um grande limite... de tudo... de fé, crença, família, amor, profissão, desejos e verdades... 
Tudo anda uma imensa crise.
É  como se eu estivesse numa praia deserta. Vejo o mar calmo, tranquilo, mas o céu é completamente escuro. Ora ventos me abraçam, ora ventos me derrubam e há barcos, tantos barcos... Todos os raios, trovões, desesperos e chuvas estão apenas em mim, somente em minha existência, que agora, busca uma transcendência que nem sei se de fato existe. Essa sempre foi a parte de todo o meu estudo que eu nunca entendi bem... A Transcendência...
O que é a Transcendência? 
O que é a Felicidade? 
Amor? 
-Não, eu não preciso de terapia, só preciso de uma dose de vida.
-Tudo bem querida, você desabafou, agora calma, enxuga as lágrimas, respira. 
-Tudo, aos poucos, vai se ajeitar e vamos sobreviver.
-Eu sei que toda essa confusão vai passar...


((Jogue suas mãos para o céu e agradeça se acaso tiver alguém que você gostaria que estivesse sempre com você...))

19 de julho de 2011

"O amor ama e ao amar sempre olha além do que tem em mãos e possui" *

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"Pegar um bem finito ou um estado finito para realizar o impulso do amor indica paixão, uma grave, apesar de comum, “confusão” da ordo amoris. O amor que merece esse nome nunca pára nem está satisfeito; podemos reconhecer o verdadeiro amor pela suspeita do amante de que ele ainda não atingiu as alturas que deveria escalar – não por sua confiança de que foi longe o bastante, muito menos por sua queixa de que foi longe demais.
A glória do amor é também seu infortúnio. O infinito também é indefinido. Não pode ser preso, circunscrito, medido. Resiste a definições, explode os marcos e viola as fronteiras. Sendo sua própria autotransgressão, o amor está constantemente à frente de qualquer visão, mesmo a mais instantânea; o amor pode ser contado apenas como história, e essa história fica obsoleta no instante em que é contada. Do ponto de vista da razão, que gosta de cópias fiéis e diagramas legíveis, o amor está sobrecarregado com o pecado original da informidade. E como a razão quer parar ou canalizar os fluxos ingovernáveis, domar o selvagem e domesticar o elementar, o amor também é acusado por sua evasão, teimosia e intratabilidade."

Zygmunt Bauman  ( O amor precisa da razão? )

*Max Scheler

18 de julho de 2011

Relaxa Baby!

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Deixa doer, deixa chorar, 
deixa o corpo e a alma sofrer, 
mas uma hora vai passar.

13 de julho de 2011

NOITE DOS MASCARADOS

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- Quem é você?
- Adivinha, se gosta de mim!
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim

- Quem é você, diga logo
- Que eu quero saber o seu jogo 
- Que eu quero morrer no seu bloco 
- Que eu quero me arder no seu fogo
- Eu sou seresteiro, poeta e cantor
- O meu tempo inteiro, só zombo do amor
- Eu tenho um pandeiro
- Só quero um violão
- Eu nado em dinheiro
- Não tenho um tostão
- Fui porta-estandarte, não sei mais dançar
- Eu, modéstia à parte, nasci pra sambar
- Eu sou tão menina
- Meu tempo passou
- Eu sou Colombina!
- Eu sou Pierrô!
Mas é Carnaval!
Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr

Deixa o dia raiar que hoje eu sou
Da maneira que você me quer 
O que você pedir eu lhe dou

Seja você quem for, seja o que Deus quiser!
Seja você quem for, seja o que Deus quiser!

#Colombina tristonha precisa de carnavais para se alegrar.
  Venha Pierrot, não se intimide, surja quando puder
  Arlequim passou, beijou e deixou os olhos da Colombina assim
  marejados de saudades...
  Eu PRECISO de um amor.

5 de julho de 2011

Momentos de nós 7

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Centenas de pessoas atravessam a nossa vida diariamente. Umas passam bem devagar e aproveitam o trajeto ao nosso lado, outras estão sempre correndo e não tem interesse em observar o caminho conosco, e têm aquelas que decidem fazer o mesmo percurso que a gente pelo simples prazer da nossa companhia.
As pessoas que fazem parte da última categoria sabem que nem sempre será prazeroso. Elas também reconhecem que muitas vezes o caminho será complicado. Em outras situações irão questionar qual a razão de agirmos de determinada forma enquanto caminhamos. Mas nunca, em hipótese nenhuma vão achar que o passeio foi em vão.
Amigo de verdade te leva a sério, te leva no riso, te leva no bico, mas te leva.
Te carrega pra vida toda!


São 7 almas que se acalentam,
7 sorrisos meigos
7 braços com os mais variados abraços
7 ombros e todos os amparos
7 mãos estendidas
7 olhares cúmplices
7 lágrimas que caem
7 vozes
7 cheiros
7 olhos que são espelhos
7 bocas que são conselhos
7 sonhos em uma amizade.

Essa semana se chama nostalgia,
Não! Não somente esse semana, mas desde o princípio desse ameaçador fim que o saudosismo toma conta de nossos corações.
Foram 4 anos e meio juntos e de repente esse tempo torna-se uma vida só nossa.
Esses emails que ando lendo me tiram lágrimas...
Gente, to carente de amigos e quero vocês mais perto de mim...
Pois devo muito do que sou a vocês...
Posso parecer exagerada, pois já suportei as dores de tantas perdas, mas sempre alguém estava lá pra secar minhas lágrimas.

Quantas vezes Gisa não me consolou, com seu jeito bem Gisa de ser, mas sempre com aquele abraço doce de leonina. Toda vez que lia um texto meu e me elogiava isso me dava orgulho de mim. Gisa me lembra torta de limão do Cefet, Hamlet com Wagner Moura e um cartaz roubado, sorvete na beira mar de Olinda com direito a ver o nascer da lua, universitárias numa sala de aula de um pré-vestibular de literatura, Teorias feministas, Zé Ramalho e Avenida Benjamin Constant/Rio Sul/Lapa/Posto 9/Pão de açúcar. Gisa lembra-me Neruda e não esqueço nunca, estávamos sentadas na biblioteca co CE, Eu, Al, Gisele e tu Gisa, aí tu, sofrendo por Caio, olhou pra gente e falou que esse amor doía, fisicamente. Doía de verdade, na carne. Sei que dói, mas de nós duas prefiro guardar as terças do vinil e aquele Tangolomango em que nos acabamos de dançar e eu te ensinei alguns passinhos de samba.


Ah! E Silvinha?! Ahhh Silvinhaaa nossa amizade daria um livro: Ódio, estranhamento, viagem + varal, cervejas, cervejas, bares, lágrimas, cervejas, risos, lágrimas, lágrimas, lágrimas, roubos de cervejas e CARNAVAL, bhrama, muita bhrama, festas, loucuras, Hotel Pestanas em Copacabana e dois australianos. Quem mais do que Silvinha sabe o significado das minhas lágrimas? Só ela as chora com a minha dor e lhe agradeço escrevendo-lhe meus textos, seus textos, mais sentidos. Amiga já vivemos muito hein... juntas somos um perigo, já pensasse que não posso pôr aqui nossas melhores histórias, todas acabam em alguma coisa errada, mas além disso, todas reforçam nossa confiança uma na outra. Silvinha eu defino como família, não tenho só Silvinha, tenho também Lora, Joãozinho e Aninha. Ahhh!!! Amigaaa lembrei, juntas fazemos a melhor campanha filantrópica da cidade!!! (Piada Interna =P ) kkkkkkkk  


Eiii Dani... Dani não coloco pra fuder em você não, tá, às vezes sei que exagero, Silvinha já reclamou comigo, pode ficar tranquila. Mas Dani de fato é a responsável pelas vezes em que meu mundo está cor de rosa. Dani é a criatura em extinção que tava no dia da criação do mundo. Ingênua, doce, tem um coração sem malícia, límpido e nunca, em nenhum momento, vi em seus olhos sentimentos negativos. Desconfio que Dani veio ao mundo para tentar salvar nossas almas e nós passamos a graduação tentando converter a alma dela, mas acho que acabamos fazendo algo melhor, aprendemos a conviver em nossas diferenças e aceitar o nossos gostos.



E Al hein?! Ah... Fala sério, tem sorriso mais lindo que o de Al? Tem nada... Al é que nem dia ensolarado, nos deixa feliz, nos dá energia, nos convida a fazer coisas novas, aula de dança, de flauta, de tecido, de tudo que possa fazer bem ao nosso espírito. Dizem por aí que quando ela se irrita sai de baixo, isso eu ainda não vi, mas o bocado que vi é simplesmente apaixonante. Ela e seus cachinhos é todo um conjunto de carinho que nos chega como brisa trazendo mensagens boas de ouvir.



Agora tá, vai Gisele, vou falar de tu. Ah! Cocada tu me consome o juízo... tu me deixa doida demais... Gisele tá em minha minha vida desde o começo. Gisele e seus amores errados, conturbados, toda uma pertubação essa pessoa. Tenho de Gisele aquela ligação de Portugal no dia de ano novo, tenho um monte de sorvete lá no Barro quando saíamos da faculdade, tenho também algumas irritações e muitas preocupações que a senhora bem sabe quais são. Mas tenho de você coisas que ninguém nunca vai nos tirar: cervejas no Mercado da Boa Vista e cafés no Delta. Lembra daquela quinta feira? 10h da manhã e nós duas bebendo na Rua da Moeda, ambas iam trabalhar e ambas não conseguiam se levantar da cadeira. Todo nosso sofrimento foi jogado naquela mesa, nosso amor foi analisado, sentido, julgado e ambas perceberam que se fodem por amores que não valem nada, mas que são nossos amores e só nós entendemos a loucura de senti-los. É Cocada, amu tu todo dia por tudo isso.


Por fim vamos ao meu Pierrot. Quem me deu os conselhos mais bonitos, quem me disse as frases mais apaixonadas, quem me escreveu as dedicatórias dos livros tão queridos, quem além de você que insiste em não me dar atenção. Cleiton já te falei, nosso casamento é até que a graduação acabe. Cabou-se! Esqueça de mim no mestrado, quero nem saber de você, digo logo. Você não vale nada, some, não dá notícias, não marca de sair conosco. Nem procura saber se estou viva. Mas não posso negar, te amo tanto e deixo assim ficar subentendido, afinal você é o meu híbrido de Pierrot e Arlequim, apesar de só conhecer seu lado de sujeito sonhador. Mas és o meu primeiro marido e é um carma que levarei para sempre. Quando penso em você me lembro de Nietzsche, dos livros dele que você vivia me emprestado pra ler e encontrava em teu rosto sempre sério, aquele olhar de super homem que queria ser superior e que se mostrava assim em sua postura e voz. Mas que nada rapaz... Tu é um menino... um menino muito sabido que sabe brincar com as palavras e as reações que elas provocam. Tu é um menino sabido que sabe como olhar, um menino também safado que adorava nos provocar (prova disso é Gisele). É o nosso menino, que todas nós enchemos de muito carinho.

Ah! meus amores...   

Vocês bem sabem, perdi amores nesse tempo que passou, mas vocês foram extremamente necessários para eu sobreviver... Sabem daquela história do "eterno retorno" de Nietzsche?! Se o demônio do meio dia me perguntasse se eu queria viver essa vida por toda a minha eternidade, lhe responderia que sim. Pois todas as lágrimas e todo o sofrimento não foram maiores que todos os lindos momentos que vivi e muitos desses momentos alguns de vocês, mais de um de vocês, ou até todos vocês, estavam comigo. 
Assumo então o meu fardo, carrego-os para todo o sempre...

#Silvinha, também chorei.

4 de julho de 2011

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Modigliani


"Me desvio de cada antigo detalhe seu em corpos novos."
GabitoNunes @Carascomoeu

2 de julho de 2011

Trata-se com carinho...

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E na espera amarramos suspiros em varais escondidos nos quintais.
Há de haver aquele momento no qual ela, ao virar a rua, vai esbarrar, sem a antipercepção, no ombro que foi amparo de seu rosto.
RENOIR
Ou há de acontecer que ele a veja ao longe e não atravesse ruas e não tente sorrisos e não use os braços.
Quantas foram as vezes que passaram pelas mesmas calçadas e nelas jogaram, como papel velho, aquele resto de amor guardado no bolso por precaução?
Lançou-se ao vento o amor a fim de assim abdicar de todos aqueles sonhos irrealizáveis.
Guardou as dores e ao longo de todos esses dias cuidou de cada uma com o apreço devido.
Naquela ferida sangrenta enfiou os dentes, puxou a pele, deixou escorrer o sangue que confundia-se com o vermelho das unhas.
Todas aquelas dores foram mastigadas, pouco a pouco, na poesia de cartas antigas.
Cartas sem cheiro,
Cartas sem dor.
O que restou no fim das linhas?
Apenas aquela sensação de ter lido uma história que poderia ser mais bonita.
O espectro invade quartos, mesas de bar, cadeiras no ônibus cravando sutilmente a si mesmo pelos caminhos.
De que serve esse rastro, se não leva às estradas possíveis de seguir?
Ele sofre por amor, sim também sofre, afinal sua carne é mortal e sente dor.
Seus olhos são tristes, precisam ser acalentados...
Vejam bem que palavra bela: A CA LEN TAR*
Ela flutua da boca e envolve lentamente o nosso espírito, colocando nossa cabeça em seu colo e acariciando nosso cabelo com doçura.
Sinta o movimento da língua: A CA LEN TE SE A CA LEN TE ME
É em cartas antigas, é no cheiro passageiro pela rua, é na lembrança da pele e no retrato dos olhos que os corações solitários se acalentam.
Há de haver um dia, em que em suas mãos estejam as mãos de um amor.
Há de haver um dia, em que sua recordação não te fure com punhais.
Há de haver um dia em que certos olhos se olhem, certas bocas se beijem, certos corpos se toquem e certas almas se acalentem.


*acalentar 

1. Acalmar ou acalmar-se, geralmente para adormecer e com afagos, com proximidade corporal ou com cantiga. = amimar, embalar
2. Tratar com carinho. = acarinhar, afagar
3. Por ext. Tornar ou ficar mais calmo. = acalmar, amenizar, mitigar
4. Dar conforto. = confortar
5. Ter prazer em pensar em. = afagar, alimentar

Soneto do teu corpo

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Juro beijar teu corpo sem descanso
Como quem sai sem rumo prá viagem.
Vou te cruzar sem mapa nem bagagem,
Quero inventar a estrada enquanto avanço.
Beijo teus pés, me perco entre teus dedos.
Luzes ao norte, pernas são estradas
Onde meus lábios correm a madrugada
Pra de manhã chegar aos teus segredos.
Como em teus bosques. bebo nos teus rios.
Entre teus montes, vales escondidos.
Faço fogueiras, choro, canto e danço.
Línguas de lua varrem tua nuca.
Línguas de sol percorrem tuas ruas.
Juro beijar teu corpo sem descanso