28 de fevereiro de 2013

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Queria dizer palavras simples, ter gestos sutis e no entanto possuo a rispidez apenas daquele que sabe da existência de algo além do que é dito. Ofereço as mesmas flores de outrora. Já é muito tarde. 

Diariamente trago tua voz dentro de meu girassol. Talvez nos encontremos, talvez não. Procuro teu cheiro que não conheço por todos os lados. Penso: deve ser alfazema, alecrim, sempre desconhecida. Há em ti a possibilidade ilusória de remendar meu coração já tão cansado e por isso tento te achar por esses espaços gigantescos, por essas conexões intermináveis, quem sabe, no mesmo lugar onde nascem as canções. Caio, resvalo, emudeço. 

Temos raízes velhas, sepultadas nos pilares de nossos dias. 
Temos fome, temos prisões.
Temos receio e dor por trás da vida.
Temos entrega e viemos aqui nos entregar.
Cada carícia findará tristemente e nossas caras irão descansar sobre um espelho cansado.

Ainda tenho um resto de carne para ser esculpida caso meu pequeno manual de gestos se esgote. Meu coração recusa qualquer consciência.

Tu bem sabes.


Tiago Fabris Redenlli - Os Girassóis de Ontem
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