28 de fevereiro de 2013

Desisto

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As flores amarelas das acácias começam a se perder pelo chão...
O que fazer quando o que você ama te rouba de si mesmo? 
Como olhar nos olhos que admiram outros olhos e crer que nossos olhares são sinceros? 
Qual o problema dessa droga de amor que sempre insiste em estragar o melhor de nosso sorriso? 
Jogo o meu lenço ao chão. 
Desisto. 
Não sou preparada o suficiente para isso, o choro já não me sufoca mais, minhas lágrimas decidiram afogar-me, talvez elas estejam pensando que assim eu pare de sofrer. 
Paredes vermelhas, fotos e discos de vinil me enterram em um ambiente no qual eu esteja pensando estar mais protegida do mundo de sensações que por vezes me magoam. 
Repara... 
Dá pra perceber que não peço nada demais? 
Queria uma praça, grama verde, sol e alguns momentos de descanso. 
Momentos, talvez, nossos... 
Mas espera menina... 
esperaesperaesperaesperaespera... 
e a menina se perde na espera... 
O meu coração cansa de se preparar pra ter, aguardar, esperar e no fim não ser o que tanto se esperou. 
Desisto. 
Não estou preparada para me lançar ao mundo de mãos abertas. 
Meus braços eu arregaço e abraço a todos que a eles merecerem. 
Mas as mãos não, se as abrir totalmente o meu eu se foge e acabo por mim perder em qualquer rua suja dessa cidade de coincidências. 
Desisto.
Não estou preparada para me calar enquanto vejo tuas costas desatenciosas as minhas mais singelas necessidades. 
Desisto.
Não estou preparada para aceitar ficar no sofá uma tarde, ficar uma semana numa eternidade e por fim, sorrir, mentindo que está tudo bem. 
Desisto.
Não estou preparada para a solidão de noites vazias enquanto teus ouvidos se distraem em meio a risos, cervejas e madrugadas que te engolem sem você ao menos perceber. 
Na verdade não tenho a capacidade de entender como ser incômoda quando várias são as pessoas que brindam a minha presença. 
Desisto.
Não estou preparada para viver entre quatro paredes uma vida que não me pertence. 
Entenda, preciso de quadros expressionistas marcados com movimentos vermelhos de emoção.
Desisto.
Não estou preparada para mais um capítulo dessa novela. 
As intrigas se espalham compulsivamente e os roteiristas esqueceram que tantas brigas não fazem uma boa história. 
Desisto.
Mergulhei em tua cama e parece que assim esqueci como se viver em poesia.
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1 comment

6 de abril de 2013 às 15:38

Gostei do seu texto, gostei mesmo.

Desista por um tempo, entenda os limites e tudo terá um novo começo.

Tem texto novo no blog: http://palavrasproferidas.blogspot.com.br/2013/03/bons-frutos.html

Tenha um ótimo final de semana!

Beijo