22 de junho de 2010

Cansaço

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Tá! Confesso... 
Meu materialismo espiritual é exacerbado.
Sou apegada a tantas coisas... não a medalhas milagrosas ou santos de barro,
mas há fotos, palavras e cheiros dos quais não consigo me desfazer.
Não consigo viver sem recordações, nem me desapegar de minhas máscaras, essencialmente belas.
Entenda, venha aqui, tenho um segredo pra lhe contar... mais perto... não posso jogar fora a máscara que uso para proteger-me de mim mesma.
Como eu viveria?
Ahhh!!! Sem discursos de auto-ajuda por favor!
Sejamos existencialmente racionalistas.
Talvez o meu eu não seja eu ou talvez não seja meu.
De quem será então, senão de outro eu que julgo ser meu.
Entenda, não sou confusa, até sou, mas não confusa de toda meia confusão.
Nada tenho a não ser sorrisos, abraços e beijos guardados em minha já desbotada caixa vermelha de sentir.
Há tanto pó em sua superfície... Serão cinzas ou poeiras?
Tanto faz... Ambas são esquecimentos.
Não me diga que sou dramática, meu drama de fato você nunca viu e para vê-lo, de duas uma, ou tens olhos verdes de raio-x como um certo fulano que conheci, ou então estarei eu desesperadamente embriagada por tristezas para dizer-te em lágrimas e sorrisos as dores de meu coração rodrigueano que diz que é meu. Mas eu nem sei mais se sou eu ou outro que inventei, pois houve épocas em que eu estava deveras cansada de mim e precisei me ad-mirar.
Você está entendendo?
Hoje senti saudades de ler Córtazar, parei de jogar amarelinha no meio da loucura de Oliveira... Apesar de tudo eles se pareciam... Vi-os muitas vezes iguais, na verdade foi por isso que sai do jogo, pois cheguei à conclusão de que desconheço-o na mais íntima distância. 
Hoje vi um arco-íris. Adoro ver arco-íris pela janela do ônibus... eles me dão a sensação do mundo ser de mentira.
Arco-íris em janela de ônibus é ilusão, fantasia que surge entre nuvens de algodão.
Arco-íris é mentira. Com certeza alguém botou ali por pura implicância...
Eu sei que tenho que ser crítica, mas gosto tanto de arco-íris que acho até que me fazem feliz.
Veja a que ponto cheguei... 
Necessito ser enganada até por traços coloridos,
Até por amores fingidos, por beijos esquecidos e 
por abraços nascidos de um enlace de braços e mãos.
Na verdade, meu eu, se é que o conheço, precisa de arco-íris para sobreviver pelo abismo de excessos niilistas que busquei, cavei e plantei com meus olhos tristes.
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