19 de julho de 2011

"O amor ama e ao amar sempre olha além do que tem em mãos e possui" *

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"Pegar um bem finito ou um estado finito para realizar o impulso do amor indica paixão, uma grave, apesar de comum, “confusão” da ordo amoris. O amor que merece esse nome nunca pára nem está satisfeito; podemos reconhecer o verdadeiro amor pela suspeita do amante de que ele ainda não atingiu as alturas que deveria escalar – não por sua confiança de que foi longe o bastante, muito menos por sua queixa de que foi longe demais.
A glória do amor é também seu infortúnio. O infinito também é indefinido. Não pode ser preso, circunscrito, medido. Resiste a definições, explode os marcos e viola as fronteiras. Sendo sua própria autotransgressão, o amor está constantemente à frente de qualquer visão, mesmo a mais instantânea; o amor pode ser contado apenas como história, e essa história fica obsoleta no instante em que é contada. Do ponto de vista da razão, que gosta de cópias fiéis e diagramas legíveis, o amor está sobrecarregado com o pecado original da informidade. E como a razão quer parar ou canalizar os fluxos ingovernáveis, domar o selvagem e domesticar o elementar, o amor também é acusado por sua evasão, teimosia e intratabilidade."

Zygmunt Bauman  ( O amor precisa da razão? )

*Max Scheler
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1 comment

1 de setembro de 2011 às 11:47

Eu chamo isos de paixão, o amor sem lógica, uma dessas paixões destruidoras q tds nós deveriamos viver!