24 de maio de 2010

Apenas uma coisa antiga

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Hoje quero apenas uma coisa: 
Enfeitar os cantos do meu quarto com jasmim.

Deitar-me-ia nos lençóis usados de minha cama embalada pela fragrância das pétalas.

Jasmim lembra a minha infância.
Ah! seu cheiro... Como defini-lo?  
Seu cheiro entorpecente acalenta a minha alma como o abraço de minha mãe.
Quando criança as minhas tardes eram de jasmim.
O muro de minha casa era de jasmim.
A rua era de jasmim.
O mundo também...
Hoje sou jasmim...
Pequena e romântica,
tragicamente romântica...
mas minha casa já não tem mais jasmim,
roubei um cacho de uma casa no meio da rua,
não resisti, era tentador demais, a árvore estava lá, linda, florida, cheirosa...
Foi um cacho tão pequenino, não fará falta ao dono, se é que jasmim tem dono,
mas perfumará a minha mão, 
acalmará meu coração por algum tempo
e  eu guardarei esse mínimo desejo nas páginas de um livro novo. 
Um livro de saudades que eu não posso matar,
um livro de beijos que não posso dar,
livro de rostos...
Hoje eu queria encher meu quarto de jasmim, deitar em minha cama de lençóis usados com um livro em minhas mãos e a saudade guardada na estante.
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