3 de novembro de 2011

Éden, para Ele.

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Que diabos se fez?
Com carinho, busco no fundo de mim
Qualquer lembrança sadia, qualquer
Outro possível já inexistente sentir.
És apenas algo de fatal, perpétuo e
irremediável.
Tanto tempo se fez e nos desfez
Em pranto, completo, meu afeto morreu.
Já não quero mais voltar em ti, a ti,
contigo, avec toi. E, assim, sem abrigo
Das mil noites, os dias só foram,
à revelia, triste romaria do meu olhar.
Minhas cores já não são as tuas,
Meus gestos não encontram os teus.
Só existe a tua sombra, teu brilho oculto.
O tempo te matou e me venceu,
É só teu cadáver estendido por aí,
Não mais tua ausência abstrata.
É teu corpo morto exposto,
O meu amor vencido, inerte.
Ainda és alguma coisa, és o nada,
E de passado e ar somente és feito,
Dos sonhos e das horas perdidas
Já desconheço a tua face, tua voz
Ruído distante que habita o silêncio.
És tudo o que não pode ser, e acabas sendo
o que não quero... E enterro.
Desenhei o amor à tua imagem desfigurada,
para jamais, em conflito, encontrá-lo.
Tentei me manter fiel, mas a vida
Traçou a tua morte, destilando bálsamo,
Escrevendo outra sorte...
Somos agora apenas dois estranhos,
Astros em órbitas distantes,
Átomos flutuantes, dois polos de um ímã,

Seguimos opostos, desconexos,
Completando aniversários vários
Em anos que não se completam...
Gostaria de sentir muito, mas tu não existe
Tu não és qualquer coisa como a luz ou o dia
Além do adeus não dito, teu único resto,
Resto de nós, último nós;És o nada!
Tudo o que posso carregar de ti,
O adeus não dito. A fatalidade.
O irreversível. A palavra nunca.

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