7 de novembro de 2011

Me Procure Em Outro Canto

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Atenção!
Aviso aos transeuntes que os ventos sopram sem destino, pois as coisas aqui não andam muito boas.
Há algo líquido se apossando do barro usado nas novas construções.
Por mais calma e dedicação que se tenha, nada se encaixa nos moldes do desejo e de repente, todo o concreto se esmigalha em vento e tudo torna-se tão "sei lá".
Há um cansaço dessa melancolia forçada.
Os livros se misturam aos papéis velhos, perfumes sem tampas e roupas sujas nos caixotes da mudança.
O quarto se esvazia,
A sala se esvazia,
A cozinha está vazia
Só as lembranças esborram todas as águas salobras guardadas por aqui.
São tantas lembranças que não caberiam no caminhão da mudança.
São tantas lembranças que carrego no coração que não sei se consigo suportar o peso de uma saudade que, mais do que qualquer outra, terá o gosto de toda uma infância com bonecas e príncipes e castelos e casinhas...
Entre 4 paredes tenho guardados 24 anos de sonhos,
No jardim ainda tem a sombra daquele pé de feijão plantado na experiência da escola.
No jardim ainda há o perfume do jasmim e o balanço de pneu pendurado na mangueira. 
Cada palmo desse canto guarda tanto de mim que sei, que ao sair daqui, perderei esse último resquício de menina mimada de achar que tudo vai ficar bem.
Deixo em meu quarto meus fantasmas, meu suor, me cheiro depois do banho... 
Tranco a porta, branca com uma flor azul.
Deixo aqui todos os sorrisos ingênuos pendurados no portão e o novo endereço de minhas mãos.
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1 comment

2 de dezembro de 2011 às 09:25

Com tanta gente que se acomodou apenas sitando outros autores (iclusive eu rsrs), é incrivelmente mágico encontrar alguém que se inspra neles para escrever um texto como esse!!! Magnifico! =]