Coisa linda se deparar com o destino e encontrar caminhos aos quais seguir.
É lindo se perder pelos desvãos de nossas vontades
É lindo quando arrancam suspiros de nós
Enfeitei minha sala com um jarro de girassóis e fico a olhá-los continuamente, pois naquelas inúmeras pétalas sinto como se houvessem guardadas as respostas de cartas nunca enviadas.
Quantas vezes li e reli as palavras vindas de tão longe como se elas estivessem escritas em minha própria pele?
Sentia cada contorno de letras com a suavidade do toque de um pianista.
Passei dias iludindo-me com devaneios amorosos e, como se perdida no estúdio de Sabina, eu enxergava a possibilidade de sustentar meus passos dançando com o chapéu coco que guardava a leveza de meu ser.
O fato, meu caro, é que há um halo envolvendo a primavera que inventamos dias atrás.
Primavera que espalha cerejas pelas tardes vazias, cerejas carregadas pela vermelhidão das bocas que as saboreiam.
E por esse carinho surgido pela coincidência de nosso lirismo, talvez tenhamos sido, um para o outro, atalhos para novas esperanças.