13 de abril de 2011

Dia Qualquer

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Menina,
De tanto reclamar do calor São Pedro mandou chuva.
Vai à aula, pés molhados em poças de lágrimas antigas,
Volta da aula, no metrô lotado do meio da tarde cansada.
Vidros embaçados, gotinhas e gotinhas liquefazendo todas as partes,
Tudo, vai, aos poucos, se desfazendo em pequenas recordações pintadas
com cheiro de uva, gosto de suor e saudades.
Moço,
Tudo o que ela queria naquela tarde era apenas um abraço.
Tudo o que se precisava, de verdade, era apenas de um abraço.
Um daqueles onde os braços dela se envolvem na cintura dele, 
Onde o rosto dela dorme no peito dele, fecha-se os olhos,
Sente-se cheiro e tudo, por um mínimo instante-já, fica na calma daquele aconchego.
Desce do ônibus, o guarda-chuva torto espanta os sonhos e
no caminho enlameado, feito e refeito, cavado e adubado,
Volto pra casa sem o meu tão necessário abraço.
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