22 de abril de 2011

Lembrança Fermentada

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É com esse gosto na boca,
Vinho suave, tinto,
que pede a umidade dos lábios teus
que fico na vontade de querer-te mais um pouco.
Se me jogo na cama, 
Lembro da tua barba percorrendo cada centímetro da pele minha.
Tuas mãos salamandreando meu corpo...
Teus olhos fotografando os detalhes que só você via.
Aquele cheiro, nosso, espalhado pelos espelhos que nos refletiam.
Eram cabelos, ninhos aninhados de desejos que se puxavam, 
se transavam e misturavam na vontade de ser um só.
Um só corpo que gemia, 
Um soar de dentes que rangia,
Um pulsar de artérias que sentia cada milímetro do sangue que corria entre nós.
Dos beijos na boca, 
Dos beijos nos seios,
Do beijos na cintura...
Os beijos percorriam os sinais de uma flor que um dia foi teu lácio.
Flor com cheiro de Dália branca, que nunca me fez esquecer da tarde...
A tarde da cama quebrada,
Do poema na pele,
Dos olhares mudos naquele solilóquio eterno.
A tarde fotografada, 
Milimetricamente guardada,
Lembrada e relembrada...
Uma das últimas tarde só nossas.
Tarde de mais ninguém.
É com esse gosto na boca,
De vinho tinto suave, feito da cintura para baixo,
Que sinto a saudade, eterna, dos beijos teus.
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