1 de maio de 2011

Sem Título 1

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O relógio marca 23h09 e nesse exato momento necessito urgentemente de carinho.
Lá fora chove a chuva que foi prometida durante todo o dia de espera.
O corpo relaxa na cama e sonha com um amor inundado pelas gotas torrenciais em meio a rua vazia.
O telhado, de telhas, deixa passar pelas frestas os pingos gelados.
A pele sente a dança da água na quase madrugada de uma noite a mais com a cama vazia.
E é nessa solidão que a saudade passeia livremente, como cílios perfumados, pela nostalgia despida do meu rosto. Nudez indecente, que provoca e implora por um desejo essencial.
Já marca agora 23h40 e os olhos cansam e os braços se enlaçam e o lençol abraça até a cabeça descansar no travesseiro.  
O corpo anda cansado de sentir e entre suas necessidades, há a vontade de existir.
Já são 23h48... 49...50...51...
Já são horas de descansar os delírios, deixar quieto os sorrisos e dormir pra sonhar.


“O rosto está exposto, ameaçado,
como se nos convidasse a um acto de violência.
 Ao mesmo tempo, o rosto é o que nos proíbe de matar”. 
(Lévinas)
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1 comment

2 de maio de 2011 às 21:58

E por que não sonhar com a companhia que pode surgir e aquecer o lado vazio da cama, ser o abraço quente que a coberta é incapaz de dar?

Uma boa semana.