5 de setembro de 2011

Amor também é feito de arrepios e suspiros...

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Não ando sofrendo por amor, mas pela falta dele.
Não a falta do objeto amado.
Não ando sofrendo pelo beijo que ele me deu,
nem pela barba sempre mal feita ou aquele perfume que só combinava na pele dele.
Não é dessa falta da pele e da carne que sinto.
Penso, que a lembrança desse amor específico começa, a cada dia que envelhece, a se tornar mais encantada.
Mas não, não é disso que sinto falta.
Sinto falta do desejo pelo outro, seja esse outro qualquer um que apareça e saiba transformar sua presença em saudade.
Sinto falta de me perder na leitura de um livro porque lembrei, subitamente, de uma frase despretensiosamente dita por alguém.
Sinto falta de andar pela rua com um sorriso bobo apenas pelo fato do telefone ter tocado sem nenhum tipo de espera.
Sinto falta também da espera, pois era no observar do ponteiro que se mexia lentamente que eu preparava meu coração para sins ou nãos...
Sinto falta de sentir todos os talvezes que o amor me trazia.
Se pinto minhas unhas de vermelho em pleno inverno, é porque ainda espero que o amor apareça, que eu beije sua boca qualquer, que eu marque suas costas e que minhas mãos se prendam em seus dedos sem desenlaces. Quero esperar a primavera com os lábios pintados de rosa, com olhos rabiscados de algum tipo de ilusão e com um perfume que se fixe ao meu travesseiro e me faça dormir bem.
Uma vez li em um livro que "amamos mais o desejo do que o objeto amado".
Hoje é disso que falo.
Eu sinto a falta do amor pelo desejo de amar.
Eu sinto falta de querer achar que a boca supostamente amada tem um sabor de fruta exótica... 
Sinto a falta dessa necessidade de não entender, mas apenas sentir, com cada pedaço que me é permitido, o outro que sente o prazer do meu corpo.
Me entenda, eu não falo daqueles que passaram por minhas pernas, seios e coração.
Falo dos arrepios e suspiros que senti com os seus prazeres.
Andei lembrando e lembrei que amor também é feito de arrepios e suspiros...
Amores não podem ser feitos apenas com lágrimas e lembranças,
Amores são feitos de memórias de carnes que se moem e se fundem na tentativa de não se separar, mesmo, que depois de algum tempo alguém se separe. Afinal, amor também é consequência de nossos humores.
Amar também é saber se distanciar, guardando na lembrança os sorrisos e carinhos.
Não ando sofrendo por amor, não, não mesmo...
Meu coração tá meio sei lá... digamos que, desempolgado para algumas tolices sentimentalistas.
Meu coração anda um tanto ácido e levanta, como em protesto anarquista em mim, uma placa com letrinhas garrafais: FODA-SE, POIS ANDO SEM SACO PRA TE AMAR.
Será que ele não percebe que isso anda magoando alguns outros corações, inclusive a sim mesmo?
Engraçado, lembrei agora, uma amiga me falou uma vez que meu coração é uma criança cheia de gosto. Sempre quer o doce que não pode ter e quando consegue tê-lo desgosta e joga fora.
Meu coração gosta de dar corda para enforcar, mas também gosta de pegar cordas e ser enforcado.
Tenho um coração suicida. #Fato.
Um coração que se mata por certas almas que nem o percebem.
Mas que se mata por livre arbítrio e bem sabe disso e foi exatamente por ter feito essa descoberta que  diminuiu suas lamentações.
Bem, minha querida, que bom que você ainda sobrevive.
Querido, sinto saudades de ler suas cartas. Fique bem também.
Se em qualquer esquina dessas eu achar algum amor perdido, o trarei para casa e farei todas as suas bobagens. Por enquanto, me perco no emaranhado de minhas bagunças e qualquer coisa, se der certo, eu os aviso.
Beijos nos olhos e nas mãos.
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