Felizes para sempre...

Já estou pronta.

Meu vestido branco com rendas, meus olhos maquiados cor de pérola.

As meninas também estão lindas, parecemos princesas da Disney.

O carro chega e devemos descer.

Vou ansiosamente caminhando até a porta...

Chego ... Respiro ... Respiro mais algumas vezes ...

As portas se abrem, a música supostamente angelical toca e, 

no fim de um corredor de sorrisos, vejo o rosto dele.

É nesse instante que paro para pensar:

Daqui em diante viveremos juntos, mesma cama, mesma casa,

roupas sujas, pratos sujos, querer ir ao cinema, querer ir ao jogo de futebol,

querer boate, querer barzinho, querer um filho, querer filhos.

Daqui em diante ter uma vida de comercial de margarina.

Um marido bonito, fiel e amável. 

Filhos inteligentes.

Um cachorro

Um gato.

Fe-li-ci-da-de...

Tá, acordei!!!

Foi um sonho, ainda bem que foi só um sonho.

Eu não quero uma família de comercial de margarina!!!

É uma felicidade que chega a ser sufocante, são risos demais.

Vida estável não existe, é ilusão propagandista.

Então é melhor eu morrer só?

Não!

De fato eu não quero morrer só!

Quero uma filha (ou filho, pode ser também) e uma companheiro. 

Não quero um marido mandando em mim.

Não quero uma falsa felicidade de uma vida amanteigada.

Gordura demais faz mal, entope as veias e não quero meu coração entupido de padrões que estão fora de século.

Não vou dizer que nunca pensei em casar.

Já pensei sim, duas vezes. Dois homens.

O primeiro quis, eu disse não. Fui querer depois e já era tarde.

O segundo nunca quis, eu pedi e ele disse não, continuei querendo, com ele eu viveria por mil anos, com ele eu até toparia um casamento de margarina, mas ele foi apenas ilusão, talvez por isso que eu queria. 

Sei que tem pessoas que acreditam num casamento de margarina, tenho uma amiga que vai ter um e uma amiga que espera ter um.

Nada contra.

Só sei que eu não quero isso não!

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